Demência deve ser diagnosticada cedo para tratar problemas cognitivos
Sonia Brucki recomenda que o próprio paciente e pessoas próximas a ele se atentem a sinais de piora em seu comportamento
Com o avanço do envelhecimento da população, a demência, doença neurodegenerativa, passa a ser um problema de saúde pública, pois reduz as capacidades cognitivas referentes à memória e à linguagem e as capacidades visuoespaciais.
Apesar do envelhecimento saudável pressupor que o indivíduo envelheça mantendo sua funcionalidade e sua cognição, a coordenadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas (HC) da USP, Sonia Brucki, afirma que o envelhecimento saudável é “envelhecer bem dentro das doenças que possam aparecer”. Ou seja, uma pessoa com diabete ou hipertensão controlada ainda pode ter um envelhecimento saudável.
Ela também informa outras doenças associadas ao envelhecimento, como o Alzheimer, mal de Parkinson e a depressão, que mesmo não sendo neurodegenerativa, a princípio, pode levar a alterações cognitivas.
Diagnóstico
Segundo Sonia, são várias as etapas para estabelecer o diagnóstico da demência em um paciente. A primeira é uma entrevista com ele e seu acompanhante, pois além do próprio paciente conseguir comparar seu comportamento com o passar dos meses, uma pessoa próxima e que o conheça há muito tempo também poderá fazer um parâmetro comparativo. “Às vezes você não tem a percepção de que está pior em determinada coisa, mas quem convive com você é capaz de dizer se você está piorando, se está mais repetitivo, se está tendo mais dificuldade para realizar tarefas que antes eram fáceis”, exemplifica.
Para avaliar isso, faz-se exames laboratoriais para avaliar causas tratáveis, como diabete descompensada, colesterol alto, déficit de vitamina B12 ou alteração da tireoide. Além disso, verifica-se a história familiar de comprometimentos com outras doenças e os antecedentes pessoais do paciente, como quais funções ela exerceu durante a vida, se faz exercícios físicos, se é tabagista e quais doenças tem.
Sonia, por fim, reforça: “Quanto mais precocemente você procurar auxílio médico, fizer o diagnóstico, iniciar o tratamento e ter uma alteração do estilo de vida, mais você vai poder lidar melhor com o problema cognitivo”.