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De olho na COP27, papa apoia o fim imediato da produção de combustíveis fósseis

De olho na COP27, papa apoia o fim imediato da produção de combustíveis fósseis

Pontífice criticou “antropocentrismo tirânico” em relação às mudanças climáticas. Movimento do Vaticano reforça pressão por diretrizes mais assertivas na próxima Cúpula do Clima, em novembro

Após uma carta endereçada à juventude em que aconselhou um consumo menor de carne para ajudar o planeta, o papa Francisco se manifestou mais uma vez sobre as mudanças climáticas, desta vez apoiando o fim imediato do financiamento e da exploração de combustíveis fósseis.

Além do pontífice, a posição do Vaticano como um todo foi reforçada pelo cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano, que declarou apoio ao Tratado pela Não-Proliferação dos Combustíveis Fósseis, uma iniciativa global que conta com o apoio de mais de 60 cidade, 1300 organizações e mais de 100 mil cidadãos, entre ativistas, pesquisadores e laureados pelo prêmio Nobel.

O assunto voltou à tona na Igreja Católica durante o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, na última quinta-feira (21), em que o papa chamou atenção para o “coro de gritos de angústia” da Terra decorrente das mudanças climáticas, condições climáticas extremas e perda de biodiversidade.

O pontífice criticou o “antropocentrismo tirano” que atrapalha os esforços em mitigar o aquecimento global e manter as metas definidas no Acordo de Paris em 2015, como relata o site The Planetary Press.

“O esforço para atingir a meta de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C é bastante exigente; exige uma cooperação responsável entre todas as nações na apresentação de planos climáticos ou contribuições nacionalmente mais ambiciosas para reduzir a zero, o mais rápido possível, as emissões líquidas de gases de efeito estufa”, afirmou o papa Francisco.

O movimento do Vaticano tem força não só pela representatividade entre os cerca de 1,3 bilhão de fiéis, mas também por reforçar o coro mundial antes da Cúpula do Clima em novembro, por uma solução enfática em relação à produção e financiamento de combustíveis fósseis, que mantém previsões de crescimento apesar dos esforços e alertas da comunidade científica e de organismos com as Nações Unidas sobre a margem apertada para se evitar efeitos ainda mais drásticos das mudanças climáticas no planeta.

“Em relação à COP27, o papa Francisco novamente se une aos cientistas para manter a meta de aumento de temperatura de 1,5°C do Acordo de Paris. O planeta já está 1,2°C mais quente, mas novos projetos de combustíveis fósseis todos os dias aceleram nossa corrida em direção ao precipício”, afirmou Czerny.

“Já é suficiente. Toda nova exploração e produção de carvão, petróleo e gás deve terminar imediatamente, e a produção existente de combustíveis fósseis deve ser eliminada com urgência. Esta deve ser uma transição justa para trabalhadores impactados, com alternativas ambientalmente saudáveis. O Tratado de Não-Proliferação de Combustíveis Fósseis proposto é uma grande promessa para complementar e aprimorar o Acordo de Paris”, defendeu o cardeal.