“Criar filhos sem violência ensina que eles são dignos de respeito”

“Criar os filhos sem violência não os torna robôs obedientes. Pelo contrário, ensina que eles são dignos de serem tratados com respeito”, pontua o educador parental Thiago Queiroz
Eu recebo muitas mensagens de mães e pais inseguros em relação a uma criação com afeto. Eles até dão uma chance para essa forma de criar filhos, mas não sustentam essa visão por muito tempo, porque acham que não está funcionando. Afinal de contas, as crianças seguem fazendo birra, não cooperando e até mesmo brigando com os irmãos. Quando eles me buscam, sinto que procuram ansiosamente uma resposta que, como num passe de mágica, transforme seus filhos nos seres mais obedientes que já pisaram nesse planeta.
E eu preciso dizer que sim, todas essas atitudes negativas vão acontecer. E isso não é sobre o tipo de educação que você está oferecendo. Boa parte desses pais e mães se frustram com a minha resposta, e esse é, por si só, um sinal de que a motivação não está alinhada com o que pensamos numa criação com afeto.
Precisamos alinhar as expectativas em relação ao comportamento dos nossos filhos. Apesar de tudo, eles ainda são crianças. Ainda estão aprendendo e desenvolvendo ferramentas de autorregulação. Quer dizer que tanto faz criar com ou sem violência? Não! Significa que eles vão ter comportamentos que são próprios da infância – e até da vida adulta. As crianças que são criadas por meio de uma disciplina mais respeitosa também vão querer ficar brincando em vez de tomar banho. Assim como:
- Vão reclamar de guardar os brinquedos.
- Vão ter dificuldade em esperar ou ficar quietas.
- Ficarão frustradas na hora de ir embora do parquinho.
- Também vão disputar e implicar com os irmãos.
O que muda é a forma como vamos conduzir essas questões e como eles vão desenvolver ferramentas para lidar com todos os sentimentos advindos de situações frustrantes, por exemplo. Criar os filhos sem violência não os torna robôs obedientes. Pelo contrário, ensina que eles são dignos de serem tratados com afeto e respeito.
Então, se você está inseguro e achando que está errando por conta desses comportamentos, eu quero te dar um abraço e dizer que está tudo bem. Acontece aqui em casa, com os meus filhos e com todas as famílias que eu conheço. Simplesmente pelo fato de que crianças são crianças e ainda estão aprendendo a lidar com as próprias emoções, com as suas vontades e com as outras pessoas. O que funciona hoje pode não funcionar amanhã. Os desafios mudam, mas sempre vale a pena ensinar por meio de respeito e afeto.
Criar filhos é incrível, mas também é difícil. É preciso orientar sobre comportamento, valores e como lidar com as emoções e frustrações o tempo inteiro. Mas seguimos com a missão de fazer o nosso melhor.
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