Consegue achar? Espécie de lagartixa mestre da camuflagem é descoberta

Uma pesquisa publicada em 15 de agosto na revista Salamandra apresenta o réptil fascinante. “Quando descobrimos esta espécie pela primeira vez em 2000, já suspeitávamos que poderia ser uma novidade para a ciência”, relata Frank Glaw, curador de herpetologia da Coleção Estadual de Zoologia da Baviera, principal autor do estudo, em comunicado.

Mas levou mais de 20 anos para que os pesquisadores reunissem dados suficientes para descrever a nova espécie, batizada de Uroplatus garamaso.

Um desafio foi que a lagartixa é semelhante à da espécie Uroplatus henkeli, e já foi confundida com ela no passado. “Isso é bastante comum para répteis de Madagascar”, explica Jörn Köhler, do museu alemão Hessisches Landesmuseum Darmstadt. “Existem muitas dessas chamadas ‘espécies crípticas’, que aguardam tratamento taxonômico.”

Agora, os pesquisadores conseguiram finalmente diferenciar as duas lagartixas: com 20 cm de comprimento, a nova espécie é um pouco menor que U. henkeli, e tem uma cauda mais estreita. “A verdadeira chave foi a descoberta de que a ponta da língua é preta em U. henkeli, enquanto é rosa em U. garamaso”, destaca o Philip-Sebastian Gehring, da Universidade de Bielefeld, na Alemanha.

A lagartixa recém-identificada é a mais recente de uma série de novas lagartixas Uroplatus descritas em Madagascar nos últimos anos, segundo Fanomezana Ratsoavina, da Universidade de Antananarivo, em Madagascar, que fez seu doutorado sobre lagartixas-cauda-de-folha.

Esse tipo de réptil é mestre em camuflagem. Algumas espécies têm abas de pele ao redor de todo o corpo e cabeça, bem como caudas achatadas. De dia, elas descansam de cabeça para baixo nos troncos das árvores e se misturam perfeitamente ao ambiente, tornando-as quase impossíveis de se detectar. Já à noite, elas acordam para rondar galhos finos em busca de presas invertebradas.

Segundo conta Mark Scherz, curador de herpetologia do Museu de História Natural da Dinamarca, os cientistas estão agora perto de concluir o inventário taxonômico do gênero Uroplatus. “A cor da boca, que tem sido tão útil para identificar diferentes espécies, tem uma função totalmente desconhecida”, ele afirma, acrescentando que há ainda muito a se descobrir sobre essas lagartixas, desde suas relações evolutivas mais amplas até seu comportamento.