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Conheça os efeitos do uso excessivo de telas na infância

Conheça os efeitos do uso excessivo de telas na infância

Tecnologia deve ser utilizada de maneira pontual e sempre com o acompanhamento de algum responsável, explica médica

Um em cada quatro jovens tem seu contato inicial com a internet ainda na primeira infância, segundo dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023. O uso de aparelhos como celular e tablet por crianças é uma realidade mundial. No entanto, a exposição às telas por tempo prolongado pode afetar a saúde e comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças.

– Temos que usar a tecnologia a nosso favor. Com a pandemia, a escola, por exemplo, deu uma virada com o aprendizado digital. Mas o uso de celulares e tablets deve ocorrer sempre de forma limitada e sob supervisão de algum adulto responsável – orienta a Dra. Renata Fish, coordenadora médica da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital Pasteur, unidade de alta complexidade do Grupo Amil no Rio de Janeiro.

Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças com menos de 2 anos não tenham acesso a telas. Entre 2 e 5 anos, a orientação é que os pequenos passem no máximo uma hora por dia em frente às telas. Para crianças entre 6 e 10 anos, o máximo de tempo recomendado é de duas horas.

– Crianças com menos de dois anos têm dificuldade em distinguir o que é real do que é virtual. Acreditam que vão encontrar fora das telas o que veem no celular. As maiores já diferenciam, mas precisam desenvolver suas habilidades sociais, como saber dividir os pertences e aprender a brincar, entre outros. Isso só é possível convivendo com outras pessoas – enfatiza a médica.

Recentemente, um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics revelou que os danos do excesso de exposição às telas podem ser extensos e de grande impacto. Segundo os cientistas, crianças de um ano que passam de uma a quatro horas por dia em frente a telas apresentam maior risco de sofrerem atrasos no desenvolvimento da comunicação, resolução de problemas, da capacidade motora e de habilidades pessoais e sociais ao completarem dois anos de idade.

– Quanto mais cedo a criança tiver acesso a telas, mais chances ela tem de apresentar algum problema futuro, como de visão. O olho foi feito para enxergar o amplo. A criança precisa treinar essa visão. Quando ela passa muito tempo só olhando para a tela, esse campo de visão fica reduzido. Como consequência, a criança pode ter problemas como miopia e estrabismo, entre outros – explica a Dra. Renata.

Alerta para a saúde mental

Além da visão, o uso de celulares também pode provocar outros problemas físicos, como alteração na postura e problemas na coluna. Mas o impacto desta superexposição para a saúde mental infantil é a questão mais preocupante.

– Nas redes sociais, se a criança não gosta de alguma coisa que viu, ela passa. A vida não é assim. A velocidade das redes também pode provocar ansiedade e frustração. Hoje, as crianças têm que estar entretidas o tempo todo, mas o tédio é fundamental. Tudo também é muito “mastigado”, a criança não precisa criar nada. Essas crianças muitas vezes apresentam alto grau de irritabilidade, desenvolvem ansiedade e até mesmo depressão – analisa a médica.

Balancear o uso desses aparelhos é fundamental para que a criança possa desenvolver de forma sadia todas as suas competências. Além de limitar o uso, é necessário que a utilização seja feita de forma supervisionada.

– A tecnologia não é ruim, mas a criança não pode ser deixada navegando sozinha. É importante que os pais ou algum responsável estejam juntos e façam uma moderação. Assim, é possível fazer do uso da tela uma atividade social e divertida – defende a coordenadora médica da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital Pasteur.

Outra boa opção é incluir na rotina das crianças atividades sociais, como a prática de esportes ou iniciativas culturais.

– É uma ótima maneira de desviar o foco das telas. A criança continua a poder usar os aparelhos, mas já não tem isso como seu principal foco – afirma.

Para os pais que já têm crianças dependentes das telas, a médica afirma que é possível, sim, virar o jogo.

– Fazer com que as crianças larguem as telas não é fácil, mas é possível. Tem que ter muita paciência e criatividade. Convide a criança a fazer uma brincadeira nova ou para atividades em conjunto, como assistir a um filme. Isso gera interação social. Pessoas buscam pessoas – ensina.