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Como a OMS está se preparando para uma próxima pandemia?

Como a OMS está se preparando para uma próxima pandemia?

Depois da Covid-19, maior entidade de saúde do mundo já tomou ações para evitar uma repetição; propostas, porém, enfrentam resistência

Dados oficiais de governos e de instituições de saúde do mundo todo estimam que quase 7 milhões de pessoas morreram por causa da Covid-19. É um número assustador, assim como foi acompanhar UTIs lotadas e hospitais e profissionais sobrecarregados durante a fase mais crítica da doença.

Passados 4 anos do primeiro registro, como será que a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maior entidade do planeta nesse assunto, está lidando com a pandemia? Será que o grupo já espera uma próxima?

Muitos cientistas não falam mais em “se”, mas sim em “quando” veremos uma nova pandemia. Isso por causa da população global elevada e das concentrações populares em grandes centros e metrópoles.

Diante disso, a OMS está se preparando, sim, para novos casos. E o Olhar Digital fala sobre essas ações agora.

O que a OMS está fazendo?

Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde

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Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS – Imagem: Naresh111/Shutterstock
  • A entidade tomou duas atitudes recentes importantes na prevenção de um novo surto global de uma doença.
  • Primeiro, anunciou um fundo de financiamento de US$ 4 milhões para iniciativas da chamada Rede Internacional de Monitoramento de Patógenos.
  • Essa rede busca sequenciar o gene de vírus e bactérias que podem causar infecções em seres humanos.
  • Segundo o anúncio, os fundos serão direcionados principalmente para organizações de países subdesenvolvidos, para que possam monitorar de perto possíveis ameaças para a saúde pública.
  • A OMS também formou um grupo para discutir o que eles chamaram de “Doença X”, um nome fictício para o que pode vir a ser uma nova doença que pode virar pandemia.
  • A ideia desse grupo é criar um tratado internacional para garantir maior troca de informações entre governos, organismos internacionais e empresas.
  • A proposta, porém, enfrenta resistência, principalmente da indústria farmacêutica, que poderia perder dinheiro com o compartilhamento de informações.
  • Esse é o ponto central da ideia: que haja uma maior cooperação global para melhorar os sistemas de alerta e o compartilhamento de informações sobre questões de saúde, além da distribuição mais justa de recursos.
  • As discussões lideradas pela OMS estão na nona rodada e o objetivo é alcançar um consenso sobre o texto até maio, quando está marcada a assembleia-geral da entidade.

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Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock

Especialista defende ações da OMS

Para Ester Sabino, imunologista e professora da Faculdade de Medicina da USP, o monitoramento de patógenos é essencial para que o mundo não seja pego desprevenido como foi da última vez:

“O sequenciamento é importante, porque ele dá alguns dados a mais sobre os agentes: qual é a linhagem, se existem variações importantes que estão fazendo com que esse agente adquira novas capacidades e também para saber se estão mudando as regiões em que a vacina deve produzir anticorpos”, disse a médica.

Ester Sabino explicou ainda que isso é importante tanto para vírus, como também para bactérias – já que as superbactérias, resistentes a antibióticos, são outra preocupação das autoridades de saúde.

Agora, a professora destaca que apenas monitorar os patógenos não é suficiente. Nesse aspecto, ela defende o compartilhamento de informações:

“Sequenciar só por sequenciar não adianta, tem que se inserir dentro de um processo. É preciso um sistema de informações que indique se alguma coisa está mudando”, explicou.

Ester Sabino ficou famosa em 2020 por liderar a equipe que sequenciou os genes do SARS-CoV-2, o coronavírus causador da Covid-19. Ou seja, ela entende mesmo do assunto.