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Com reciclagem e ESG, empresas apontam quadro otimista com redução de carbono

Com reciclagem e ESG, empresas apontam quadro otimista com redução de carbono

A crise global que se tornou ainda mais aguda com a guerra entre Rússia e Ucrânia não deve afetar consideravelmente a Agenda 2030, plano de ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, e a jornada para emissão zero de carbono prevista para 2050. A opinião é de Ricardo Carvalho, CEO da CBA, produtora de alumínio, que participou do painel Mineração e Setor de Energia: caminho para Transição Zero (emissão), promovido pelo banco de investimento UBS BB, e que também contou com a participação de Milton Pilão, CEO da Orizon, que atua no mercado de gestão resíduos. A moderação foi feita por João Auler, diretor executivo do Banco UBS.

Apesar de apontar um quadro de turbulência no curto prazo, ele diz estar otimista em relação ao futuro e avalia que o movimento que já está acontecendo em direção à energia limpa pode se acelerar, mesmo que eventualmente se fale hoje em aumento das emissões, por conta da crise de energia. “Acredito que finalmente iremos mais rápidos no caminho que temos de ir para mudar o mundo, a sociedade finalmente acordou para todas as coisas que devemos fazer”, afirma, referindo-se ao combate às mudanças climáticas.

Milton Pilão, CEO da Orizon, que atua na gestão de resíduos — Foto: Claudio Belli/Valor

Milton Pilão, CEO da Orizon, que atua na gestão de resíduos — Foto: Claudio Belli/Valor

A Orizon, segundo Pilão, é responsável pela destinação dos resíduos de cerca de 40 milhões de habitantes, para transformá-los em material primário, reciclados, incluindo plásticos. A empresa também atua na produção de gás renovável, a partir de dejetos, e no mercado de créditos de carbono. Para ele, a empresa não depende de crises ou de eventos imprevistos para se beneficiar, porque lida com material produzido diariamente pelo ser humano, mas admite que quanto mais a agenda de sustentabilidade se tornar importante, melhor será para o negócio.

“No país, cerca de 40% do lixo produzido continua sendo destinado a lixões”, diz. “Nossa missão é ajudar a erradicar esse problema”, afirma e acrescenta. De acordo com ele, o Brasil tem um grande mercado demandado para produtos renováveis e há uma crescente preocupação do setor privado com economia circular. “O que obviamente nos traz preços premium para nossos produtos.”

O papel das ações e práticas ESG foi destacado pelos executivos no processo de sustentabilidade. A CBA possui um comitê executivo de sustentabilidade com a participação de vários setores da empresa e representantes independentes. Também há um outro comitê de apoio ao board. Em relação à sustentabilidade, segundo Carvalho, a produção de CO² pela CBA é cinco vezes menor do que a média mundial do setor. Para isso contribui o fato de a empresa fabricar alumínio reciclado e utilizar energia própria renovável na produção. A empresa baseia sua estratégia em 10 pilares, divididos em oito programas que têm 31 objetivos para serem alcançados até 2030, como reduzir as emissões em 40%.

Segundo Ricardo, os consumidores estão forçando a redução dos gases do efeito estufa (GEE). “Há muitas companhias que estabeleceram contratos com companhias de alumínio low carbon (como a CBA), como BMW, Land Rover, Audi, Nespresso, porque elas têm compromissos com seus consumidores para reduzir a emissão de GEE”, conta. E declara que a CBA está pronta para se beneficiar do aumento de compras de alumínio de baixo carbono.

A Orizon também possui comitê de ESG. Segundo Pilão, estão envolvidos em criar objetivos compartilhados entre todas as áreas da companhia. “ESG precisa ser incorporado ao dia a dia da empresa”, afirma. Ele também ressalta o papel social da empresa, atuando no entorno das áreas onde atua, com a criação de empregos e promovendo a educação. Lembrando que a empresa também produz gás a partir do lixo, ele diz que a empresa se posiciona como um fornecedor estável e com bons fundamentos econômicos.