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Com nova técnica, lixo plástico pode ser usado para fabricação de detergente

Com nova técnica, lixo plástico pode ser usado para fabricação de detergente

Toneladas de lixo não biodegradável poderiam se reaproveitadas na produção do detergente, reduzindo a necessidade de matéria-prima virgem oriunda do petróleo

O lixo plástico, problema ambiental crescente e com graves consequências para os ecossistemas e a saúde humana e animal, pode em breve ser usado para a fabricação de detergente. Assim como o plástico, o detergente também tem origem no petróleo, matéria prima não renovável e nociva ao clima. Com a solução, toneladas de lixo não biodegradável poderiam se reaproveitadas na produção do detergente, reduzindo a necessidade de matéria-prima virgem.

Em um artigo publicado na revista Chem, pesquisadores da universidade UC Santa Barbara, na Califórnia, mostram como reinventaram o valor dos plásticos descartáveis com melhorias em um processo inovador que pode transformar poliolefinas, o tipo de polímero mais comum em embalagens descartáveis, em alquilaromáticos valiosos — moléculas subjacentes aos chamados surfactantes, principais componentes de detergentes e outros produtos químicos.

Em vez de queimar ou enterrar os resíduos em aterros sanitários – práticas ainda predominantes do tratamento de resíduos plástico no mundo – esses materiais seriam reaproveitados em um método que, segundo os pesquisadores, abreviaria os processos “sujos” convencionais para fazer surfactantes, ao mesmo tempo em que dá aos plásticos de uso único uma nova utilidade.

A pesquisa baseou-se em trabalhos anteriores para estrear um método catalítico capaz de quebrar as fortes ligações carbono-carbono que tornam o plástico um material difícil de degradar e, em seguida, reorganizar as cadeias moleculares, em questão de algumas, aumentando a quantidade de plástico que pode ser convertida em um reator. Com mais melhorias, esse método pode estar a caminho de se tornar um processo comercial viável, acreditam os autores do estudo.

“Idealmente, você deseja reutilizar resíduos de plástico para uma finalidade com um volume de produção grande o suficiente, para o qual há uma demanda significativa, a fim de reduzir o problema do plástico”, explicou a engenharia química Susannah Scott. Para determinar se esse método é realmente sustentável, será preciso submetê-lo a uma avaliação do ciclo de vida, na qual a energia gasta e os gases de efeito estufa emitidos são calculados em cada etapa.