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Com desafios de reduzir impacto, Unilever adota tampas feitas de plástico pós-consumo para impulsionar reciclagem

Com desafios de reduzir impacto, Unilever adota tampas feitas de plástico pós-consumo para impulsionar reciclagem

Empresa anunciou processo de “reciclagem radical” destinado a combater um enorme problema de resíduos que ajudou a criar: bilhões de sachês descartáveis que poluem aterros sanitários e cursos d’água

PCR (sigla para designar materiais reciclados pós-consumo, em inglês) é um plástico reciclado feito de itens descartados, como garrafas plásticas de leite e bebidas em geral. Os plásticos reprocessados ​​de resíduos domésticos ou comerciais são considerados uma solução sustentável para a reutilização de produtos de uso único que, de outra forma, seriam descartados, por exemplo, em aterros sanitários.

A produção do PCR começa com a coleta e triagem de plásticos descartados em programas de reciclagem comercial e residencial. Os materiais selecionados são direcionados para um fornecedor de resina, que aplica as etapas de moagem, lavagem, extração de gases e processamento até chegar ao formato de “pellets” (bolinhas de resina plástica), quando esses produtos ficam prontos para serem usados novamente em fabricação futura. Daí a importância de se promover um ciclo que leve os resíduos plásticos de volta ao processo de fabricação, dentro do escopo da economia circular.

Com esse intuito, a Unilever, uma das maiores empresas de bens de consumo do mundo, está lançando a primeira tampa do Brasil 100% produzida a partir de plástico flexível reciclado em escala industrial. Feitas com PCR, as tampas começam a ser usadas nas embalagens de cremes de tratamento para cabelos e, gradualmente, serão expandidas, conforme a empresa.

A iniciativa é fundamental para uma empresa com a pegada ambiental da Unilever. Há cinco anos, a empresa anunciou um processo de “reciclagem radical” destinado a combater um enorme problema de resíduos que ajudou a criar: bilhões de sachês descartáveis que poluem aterros sanitários, poluem seus cursos d’água e chegam às praias – especialmente no sudeste asiático, como relata o Guardian.

Esses pacotes coloridos contêm de tudo, de xampu a café. Mas seu tamanho e estrutura em várias camadas os tornam quase impossíveis de coletar e reciclar. Na Indonésia, que não tem infraestrutura para lidar com resíduos, eles representam o símbolo máximo da cultura do descarte, totalizando 16% de todos os resíduos plásticos do país.

A iniciativa de adotar tampas em PCR feitas a partir de plástico flexível 100% reciclado não resolve o problema dos sachês da empresa no Brasil. Mas a expectativa da Unilever, com essa novidade – feita em conjunto com a Aptar Beauty + Home, fabricante de embalagens dispensadoras – é de promover uma inovação que mude o panorama na própria companhia, abra portas para outras empresas e ajude a impulsionar o índice de reciclagem e de recuperação do plástico no país.

“O destino do plástico flexível sempre foi uma preocupação quando pensamos na economia circular. Ele tem sido enviado para aterros há muito tempo e, agora, começamos a mudar essa realidade”, afirma Zita Oliveira, gerente de Sustentabilidade da Unilever para a América Latina.

Produtos de plástico reciclado pós-consumo (PCR) devem estimular economia circular — Foto: Unilever / Divulgação

Produtos de plástico reciclado pós-consumo (PCR) devem estimular economia circular — Foto: Unilever / Divulgação

A Unilever aderiu, em março deste ano, ao Tratado Global do Plástico, cuja criação foi aprovada durante a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O tratado contra a poluição plástica em escala global é considerado uma iniciativa histórica da ONU na luta pela conservação do meio ambiente, e tem como base o conceito de economia circular.

A adesão também é um passo importante para a empresa, que tem uma meta global de reduzir em 50% o uso de plástico virgem até 2025, representando uma redução absoluta de 100 mil toneladas em todo o mundo. A Unilever garante que adota como estratégia para atingir suas metas de sustentabilidade uma diretriz que envolve três esferas: 1) Menos plástico, 2) Melhor plástico, 3) Nenhum plástico. Isto significa repensar como os produtos são projetados, desenvolvendo novos modelos de negócios, novo design de embalagens, e novas experiências de compra para os consumidores.

“No entanto, para atingir nossos objetivos, além da inovação no design do produto, também precisamos enfrentar os desafios da baixa disponibilidade e qualidade do PCR no mercado. Outras iniciativas que promovemos não se mostraram tão eficazes também por conta desse problema. Por isso, também estamos desenvolvendo, paralelamente, outras tecnologias emergentes”, afirma Suelma Rosa, líder de Assuntos Corporativos, Governamentais e Sustentabilidade da Unilever Brasil.

Esses primeiros passos rumo à adoção de processos mais amplos de economia circular são possíveis devido aos avanços tecnológicos dos equipamentos e processos de fabricação, explica o Diretor de Marketing, Desenvolvimento e Inovação para América Latina da Aptar Beauty + Casa, Marcelo Santarelli. “Desenvolver embalagens que contenham material reciclado e sejam recicláveis tem sido nosso principal objetivo nos últimos anos para os mercados de beleza, cuidados pessoais, cuidados com a casa, alimentos e bebidas”, relata ele.

Na fase inicial do projeto, a capacidade de produção da resina reciclada feita com material flexível pós-consumo é de 1.200 toneladas ao ano. O plano, agora, é expandir o uso do material para outras embalagens.