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Cientistas estudam seres que brilham no escuro para criar novas tecnologias

Cientistas estudam seres que brilham no escuro para criar novas tecnologias

A bioluminescência, isto é, a capacidade de organismos vivos de produzirem luz fria, pode ser um caminho para o desenvolvimento de novos recursos de pesquisa na área de ciências biológicas

A bioluminescência, isto é, a capacidade de organismos vivos de produzirem luz fria, pode ser um caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias na área de ciências biológicas, afirmam pesquisadores. Nesta semana, uma novidade animou a comunidade científica: três novas espécies de minhocas marítimas luminosas foram descobertas, aumentando a lista de seres capazes de “brilhar no escuro”.

Liderada pelo especialista em vermes marinhos Naoto Jimi, a descoberta foi publicada na revista especializada Royal Society Open Science. Antes disso, eram conhecidas apenas quatro espécies do gênero Polycirrus (que significa “múltiplos cachos”, ou “múltiplos caracóis de cabelo”, em referência aos tentáculos fibroso desses seres) com a capacidade de bioluminescência.

As minhocas foram examinadas no oceano selvagem, embora algumas também tenham sido levadas ao laboratório para um estudo mais aprofundado — Foto: Getty Images

As minhocas foram examinadas no oceano selvagem, embora algumas também tenham sido levadas ao laboratório para um estudo mais aprofundado — Foto: Getty Images

“A bioluminescência azul-violeta nebulosa emitida pela Polycirrus é surpreendentemente semelhante às descrições de criaturas encontradas no folclore japonês”, observou Naoto Jimi.

Esta cor de luz tem um comprimento de onda relativamente curto, por isso é absorvida menos rapidamente pela água do que outras cores e, portanto, viaja mais longe debaixo d’água, destaca o Science Alert. É por isso que esse tipo de bioluminescência costuma ser associado a criaturas das profundezas.

As minhocas foram examinadas no oceano selvagem, embora algumas também tenham sido levadas ao laboratório para um estudo mais aprofundado.

A Japan Underwater Films Corporation ajudou a gravar a ação. No mar, os pesquisadores descobriram que as bolhas do equipamento utilizado para a pesquisa poderiam estimular o “show de luzes” da minhoca. Eles viram resultados semelhantes no laboratório cutucando os tentáculos dos vermes com pinças. O padrão no qual essas luzes cintilantes piscavam era quase idêntico nas três novas espécies.

Assista ao vídeo:

Quando estimulados, os tentáculos piscaram por cerca de 0,3 a 1,1 segundo. Os cientistas também notaram que perturbar uma área de tentáculos não acionava reações nos tentáculos vizinhos.

A intensidade das luzes diminuiu após cerca de 30 segundos de estimulação, como um bastão luminoso no final de uma rave. Mas depois que os vermes receberam alguns minutos de pausa das cócegas científicas, sua resposta bioluminescente foi capaz de recarregar, retornando ao brilho total.

“A descoberta de que todas as três novas espécies são luminescentes nos permite estabelecer pesquisas que outros podem aplicar prontamente ao estudo de organismos luminescentes”, disse Jimi.

A importância de “brilhar no escuro”

As luzes piscantes podem ser uma espécie de sistema de alerta para assustar os predadores. Como esses vermes são conhecidos por passar muito tempo enterrados na lama, em fendas nas rochas ou nos cantos de esponjas do mar, os pesquisadores acreditam que essa bioluminescência é usada principalmente para situações de emergência, quando o corpo do verme é exposto. O fato de que o ato de cutucar, cutucar e borbulhar dos cientistas foi o principal gatilho para a bioluminescência dos vermes neste estudo apoia essa teoria.

“A bioluminescência é um tesouro de química interessante e incomum”, disse Jimi. “Pretendemos usar nossas descobertas para aprofundar nossa compreensão da natureza molecular desse fenômeno e aplicar esse conhecimento ao desenvolvimento de novas tecnologias de ciências da vida”, concluiu o pesquisador.