Cientistas brasileiros desenvolvem plástico biodegradável que faz alimento durar mais tempo fora da geladeira
Em parceria com pesquisadores franceses, plástico natural feito com gelatina leva 20 minutos para ficar pronto e protege queijos e frutas por ter propriedades antioxidantes e antimicrobianas.
Veja como a Ciência é importante. Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma embalagem de plástico natural que prolonga a vida dos alimentos fora da geladeira.
É só embalar o queijo e pronto. O alimento dura bem mais.
“Nos nossos testes, a gente viu que os filmes que a gente desenvolveu, os queijos duraram até 30 dias fora da geladeira em comparação com o queijo sem embalagem ou mesmo embalado com aquele filme que a gente encontra já no supermercado, eles se deterioraram em três dias”, explica a pesquisadora Liliane Leite.
O segredo está na composição. No interior de São Paulo, os cientistas da Embrapa em São Carlos usaram gelatina para criar o novo plástico natural.
Adicionaram também um pó feito com nanocristais de celulose. Os resíduos, extraídos do eucalipto, são 100 mil vezes mais finos que um fio de cabelo. A mistura é aquecida e vira uma pasta. Depois, vai para uma estufa, onde ganha o formato de película.
O novo filme fica pronto em 20 minutos graças aos raios infravermelhos, que aceleram a secagem. Diferente da técnica convencional, que leva até 24 horas porque só usa a estufa.
“Os nossos filmes têm propriedades antioxidantes e antimicrobianas, que impedem a reprodução de microrganismos como bactérias e fungos e isso leva a uma prolongação da vida útil do alimento”, pesquisadora Liliane Leite.
Segundo os pesquisadores, essa nova embalagem cria uma barreira de proteção mais eficaz porque impede a entrada de água e gases.
Além disso, ao contrário daquele plástico tradicional, que leva séculos para se decompor, esse é biodegradável. E dá até para comer.
“A ideia é que essa embalagem seja usada como embalagem primária, aquela que vai diretamente em contato com o alimento para proteger o alimento e aumentar o tempo de prateleira, de vida útil dele, diminuindo o desperdício” detalha o pesquisador da Embrapa Luiz Henrique Mattoso.
A pesquisa foi publicada em um revista científica internacional, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos e a Universidade de Grenoble, na França.
Os cientistas esperam fechar parcerias com empresas para a produção em larga escala.
“Por serem feitos a partir de resíduos, esses plásticos são competitivos em termos de custo, de preço, aos plásticos que atualmente são comercializados no mercado no Brasil. Os alimentos vão durar bem mais e é o que todos nós precisamos para resolver a poluição plástica que afeta o mundo hoje em dia”, aponta Francys Moreira, professor da UFSCar.