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Cães podem ajudar a reduzir dor de pacientes em hospitais, diz estudo

Cães podem ajudar a reduzir dor de pacientes em hospitais, diz estudo

A presença canina em salas de emergência fornece otimismo tanto para os internados quanto para os profissionais de saúde

Um estudo publicado esta semana na revista científica PLOS One concluiu que, para pacientes que sofrem em salas de emergência, apenas 10 minutos ao lado de um cachorro podem ajudar a reduzir a dor.

“Existem pesquisas mostrando que os animais de estimação são uma parte importante da nossa saúde de diferentes maneiras. Eles nos motivam, nos levantam, (nos dão) rotinas, o vínculo humano-animal”, disse a principal autora do estudo, Colleen Dell, professora do departamento de sociologia da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, à CNN.

O levantamento solicitou o relato de mais de 200 pacientes na sala de emergência sobre seu nível de dor em uma escala de 1 a 10 (sendo 10 o mais alto).

Os cães podem melhorar tanto o bem-estar dos pacientes quanto dos profissionais da saúde (Foto: Flickr/ Ohio University Libraries/ CreativeCommons)
Os cães podem melhorar tanto o bem-estar dos pacientes quanto dos profissionais da saúde (Foto: Flickr/ Ohio University Libraries/ CreativeCommons)

Um grupo de controle não recebeu intervenção, enquanto os participantes de outro grupo experimentaram 10 minutos de companhia de um cão de terapia, e, em seguida, foram novamente questionados sobre os seus níveis de dor. Aqueles que receberam a visita dos cachorros relataram melhora.

Os resultados apoiam aquilo que os amantes de cachorros ao redor do mundo suspeitam há muito tempo: que a afeição canina é capaz de curar males. Além disso, ela também fornece um pouco de otimismo para pacientes e profissionais de saúde que frequentemente lidam com recursos hospitalares escassos em meio à pandemia de Covid-19.

Alguns fatores podem contribuir para um impacto maior na experiência da dor, como a ansiedade, depressão e falta de apoio emocional. Faz sentido, portanto, pensar que o tempo passado ao lado de uma criatura que traz alegria e não invalida os sentimentos pode ajudar alguém a se sentir melhor.

Para os autores da pesquisa, é importante incorporar os animais às equipes de saúde (Foto: Flickr/ Howard County Library System/ CreativeCommons)
Para os autores da pesquisa, é importante incorporar os animais às equipes de saúde (Foto: Flickr/ Howard County Library System/ CreativeCommons)

Devido aos limites da compreensão científica quanto aos efeitos de visitas de cães de terapia em ambientes hospitalares, mais pesquisas na área são bem-vindas. Para a Dra. Colleen, em contrapartida, é hora de parar de perguntar se os animais são úteis neste contexto e começar a questionar como eles ajudam e como melhor integrá-los às equipes de saúde.

Uma das maiores e mais comuns preocupações é que a utilização de animais de terapia em hospitais pode facilitar a transmissão de doenças e arriscar a higiene, mas a pesquisadora disse que há como os profissionais de saúde utilizá-los de maneira sanitária para fazer com que todo o sistema funcione melhor.

No Brasil, hospitais já se beneficiam da técnica. O Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), promove, desde 2009, o projeto Amigo Bicho, no qual cães visitam os pacientes internados a fim de melhorar seu bem-estar.

Uma ação similar ocorre no Setor de Pediatria do Hospital do Câncer, em São Paulo. Por lá, quem faz o atendimento dos pacientes é a golden retriever Hope, um cão terapeuta treinado desde filhote para este tipo de trabalho.

Via de mão dupla

O hospital, por si só, não é um ambiente agradável à maioria das pessoas. Para além da tensão óbvia quanto a um espaço de enfermidades e tratamentos, as luzes brilhantes, as longas esperas e ansiedade podem corroborar para uma sensação ruim.

Ambientes hospitalares podem, por si só, serem bastante estressantes (Foto: Flickr/ Prefeitura Balneário Camboriú/ CreativeCommons)
Ambientes hospitalares podem, por si só, serem bastante estressantes (Foto: Flickr/ Prefeitura Balneário Camboriú/ CreativeCommons)

Isso acomete não só os pacientes, como também os profissionais de saúde. É o caso de Mike MacFadden, um enfermeiro canadense que vê potencial na incorporação de cães de terapia como parte de uma abordagem holística para o tratamento da dor na sala de emergência.

“As equipes de serviço de emergência podem se sentir em conflito e apresentar sofrimento moral resultante de sua incapacidade de atender às suas próprias expectativas de atendimento ideal. Como a experiência de dor das pessoas é multifacetada, sabemos que uma abordagem multifacetada é mais benéfica para atender às necessidades dos pacientes”, disse à CNN.

“A presença de um cão de terapia não só tem o benefício de apoiar a experiência do paciente, mas acho que também serve de conforto para os prestadores de cuidados”, completou.