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Caçadores de metais’ explicam que não é fácil achar material valioso com detector

Caçadores de metais’ explicam que não é fácil achar material valioso com detector

Meteorito foi encontrado por dois irmãos, em 2014, enquanto eles procuravam pedras preciosas no solo utilizando um detector de metais. Detectoristas Ana Luiza Pinto, conhecida como ‘Vovó Caçadora’, e José Basílio explicam como funciona a prática.

O primeiro meteorito registrado na Paraíba foi encontrado em 2014, na cidade de Nova Olinda, no Sertão, pelos irmãos Edsom e Jarba Oliveira, enquanto procuravam pedras preciosas utilizando um detector de metais. Essa atividade é chamada de detectorismo e é praticada em todo o Brasil. Porém, o g1 conversou com dois detectoristas, que explicam que, diferente do que aconteceu com os irmãos de Nova Olinda, não é tão fácil achar material valioso usando um detector de metais.

Pessoas dedicadas ao detectorismo são verdadeiros caçadores de tesouros modernos, mas acima de tudo ajudam a limpar o meio ambiente. A pensionista Ana Luiza Pinto, de 65 anos, conhecida como “Vovó Caçadora”, e o técnico em eletrônica José Basílio, o Zuca, de 73 anos, realizam a atividade como hobby, em áreas diferentes na Paraíba. Ela em João Pessoa, na praia, e ele na cidade de Picuí, no Curimataú paraibano.

Ao ser questionado sobre o que faria se encontrasse algo parecido um meteorito, o detectorista José Basílio respondeu que levaria a rocha para ser analisada e a venderia “para a ciência”. Ele relata que nunca achou algo de grande valor financeiro e guarda todos os itens encontrados, até agora, durante os quase três anos que realiza a atividade.

“Guardo e coloco no Instagram para os colegas, eu não comercializo nada. Eu faço isso por hobby e até agora não encontrei nada assim de valor”, explica.

Apesar disso, José Basílio já recolheu itens curiosos e históricos, como moedas antigas. Outro achado interessante foi uma medalha da Sagrada Família com o hino ‘Sub tuum praesidium’, o mais antigo preservado à Virgem Maria do catolicismo. Na medalha não consta o ano, e o detectorista não sabe estimar a qual época ela pertence.

Medalha encontrada por José Basílio — Foto: José Basílio/Arquivo pessoal

Medalha encontrada por José Basílio — Foto: José Basílio/Arquivo pessoal

José trabalha consertando aparelhos eletrônicos e começou a realizar a atividade de detectorismo por hobby. Ele procura por metais em taperas (habitações abandonadas) antigas e compartilha achados em um perfil no Instagram.

“Tem pessoas que moraram aqui há mais de 300 anos e tem vestígios. Ali é onde eu encontro essas moedas antigas, qualquer coisa que eu encontrar, resgatando a história daquele lugar, daquelas pessoas que moraram ali”, comenta.

Vovó Caçadora

Ana Luiza Pinto, de 65 anos, é conhecida nas redes sociais como ‘Vovó Caçadora’. A pensionista morava em Brasília e sempre quis viver em uma cidade litorânea. Há dez anos, João Pessoa foi o destino escolhido por ela pela tranquilidade.

Na capital paraibana, Ana Luiza já costumava catar lixo nas praias, como uma forma de sair do sedentarismo e também de proteger o meio ambiente. Após ter visto um vídeo na internet sobre o detectorismo, ela se interessou e há mais de três anos se dedica à atividade.

Sobre objetos de valor financeiro, Ana Luiza reforça que é muito difícil. A maioria dos itens encontrados são garfos, pregos, fios de cobre, entre outros.

“É difícil achar alguma coisa de valor. A pessoa que entra no detectorismo pensando em achar só ouro acaba desistindo porque não é tão fácil”.

Contudo, ela já achou uma chave grande e antiga, com uma corrente, além de moedas fora de circulação ou estrangeiras, que ela está guardando em uma coleção para o seu neto.

Chave antiga encontrada pela Vovó Caçadora — Foto: Ana Luiza Pinto/Arquivo pessoal

Chave antiga encontrada pela Vovó Caçadora — Foto: Ana Luiza Pinto/Arquivo pessoal

A Vovó Caçadora enxerga a prática não como um meio de enriquecimento, mas como uma forma de ajudar a natureza, retirando o lixo do meio ambiente.

Livo retirado da praia, por meio do detectorismo — Foto: Ana Luiza Pinto/Arquivo pessoal

Livo retirado da praia, por meio do detectorismo — Foto: Ana Luiza Pinto/Arquivo pessoal

“Muitas pessoas compram um detector achando que vai ficar rico achando ouro, na verdade eles não conseguem ficar com o detector nem um mês porque não é fácil achar ouro. O objetivo é tirar o lixo da praia ajudando a natureza e os seres vivos do oceano. Porque, por exemplo, a gente já cansou de ver tartaruga morta aqui porque engoliu plástico”, explica.

Apesar disso, pessoas que perdem objetos de valor na praia chamam a Vovó Caçadora. Ela revelou ao g1 que cobra em média R$ 300, a depender do item perdido, para encontrá-lo. Quando encontra chaves de carro, cartões e documentos, Ana Luiza utiliza o instagram ‘Vovó Caçadora’ para divulgar e entregar gratuitamente ao dono.

Meteorito foi encontrado por detectoristas em Nova Olinda

No caso do primeiro meteorito registrado na Paraíba, os irmãos Edsom e Jarbas aproveitaram a seca de um lago da região, em 2014, para procurar por ouro ou outras pedras preciosas utilizando um detector de metais. Edsom conta que o detector só disparava quando era colocado próximo a uma pedra que estava cheia de barro. “Quanto mais a gente encostava o detector, mais apitava. Então resolvemos retirar a pedra e lavar para identificar. Era uma pedra totalmente brilhosa”, diz.

Por quase seis anos, a rocha de 26,93 kg e 29 cm ficou sendo usada como enfeite, pois os seus descobridores não sabiam do que se tratava. Somente quando uma chuva de meteoritos caiu em Santa Filomena, Pernambuco, em agosto de 2020, e teve grande repercussão, eles perceberam semelhança com a rocha espacial e decidiram procurar uma análise especializada.

Meteorito foi usado por alguns anos como enfeite de mesa por homem que encontrou a rocha, na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Meteorito foi usado por alguns anos como enfeite de mesa por homem que encontrou a rocha, na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco