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Caatinga – Caracterização

Caatinga – Caracterização

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, com características particulares e concentração majoritariamente na região nordeste do Brasil. Faz limite com outros três biomas do país, a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado.

A palavra Caatinga, é de origem tupi-guarani e significa “mata branca”, em função do clima mais seco que deixa a vegetação e troncos de árvores mais esbranquiçados, além da queda das folhas durante o período seco.

Quais são as principais características da Caatinga?

O bioma da Caatinga é diretamente influenciado por períodos de seca mais severos, com forte estiagem em função do clima semiárido, o que faz com que a vegetação da região desenvolva técnicas de adaptação a pouco disponibilidade de água, bem como os animais, que alteram seu comportamento em função do clima.

Paisagem característica da Caatinga.
Paisagem característica da Caatinga.

Localização da Caatinga

A área da Caatinga abrange os seguintes estados:

  • Bahia;
  • Pernambuco;
  • Paraíba;
  • Ceará;
  • Piauí;
  • Rio Grande do Norte;
  • Alagoas;
  • Sergipe;
  • Minas Gerais.

O bioma representa cerca de 10,1% do território brasileiro, com dimensões aproximadas de 862.818 km² (IBGE,2019). Abriga cerca de 28 milhões de habitantes divididos entre zonas urbanas (62%) e rurais (38%).

Clima da Caatinga

O clima da Caatinga se caracteriza como semiárido, com índices pluviométricos muito baixos, em torno de 500 a 700 mm anuais. Em certas regiões do Ceará, por exemplo, embora a média para anos ricos em chuvas seja de 1.000 mm, pode chegar a apenas 200 mm nos anos secos.

A temperatura se situa entre 24º e 26º e varia pouco durante o ano, contando também com as seguintes características climáticas:

  • A região da Caatinga está submetida a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca;
  • O mês do período seco é agosto e a temperatura do solo chega a 60ºC;
  • Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso não consegue armazenar a água que cai e a temperatura elevada provoca intensa evaporação;
  • Na longa estiagem, os sertões são, muitas vezes, semidesertos e nublados, mas sem chuva;
  • A irregularidade climática é um dos fatores que mais interferem na vida do sertanejo;
  • O sol forte acelera a evaporação da água das lagoas e rios que, nos trechos mais estreitos, secam e param de correr;
  • Quando chega o verão, as chuvas encharcam a terra e o verde toma conta da região.

Solo da Caatinga

A diversidade de solos na Caatinga é enorme, variando de solos pedregosos pouco profundos de 50 cm e 100 cm, a solos mais profundos com características argilosas e maior taxa de reserva de nutrientes.

É possível encontrar também, solos mais arenosos com menor fertilidade e solos mais endurecidos, com baixa capacidade de armazenamento da água.

Hidrografia da Caatinga

Das cabeceiras até as proximidades do mar, a hidrografia deste bioma é diversa, os rios com nascentes na região permanecem secos por cerca de cinco a sete meses no ano, com enchimento durante o período de chuvas.

Um dos rios mais conhecidos e que possui água durante todo o ano é o rio São Francisco, que mantém seu fluxo através dos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáticas e hídricas.

Alguns exemplos de rios da Caatinga são:

  • Rio Corrente;
  • Rio Parnaíba;
  • Rio Jaguaribe;
  • Rio Poti.

Flora da Caatinga

A flora da Caatinga possui adaptações ao clima, tais como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis e caules suculentos que facilitam o armazenamento da água. Todas essas adaptações conferem um aspecto característico denominado xeromorfismo (do grego xeros, seco, e morphos, forma, aspecto).

Duas adaptações importantes à vida das plantas são a queda das folhas na estação seca e a presença de sistemas de raízes bem desenvolvidos.

A perda das folhas é uma adaptação para reduzir a perda de água por transpiração e raízes bem desenvolvidas aumentam a capacidade de obter água do solo. Além disso, algumas plantas armazenam água, como os cactos, outras se caracterizam por terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da chuva.

Este bioma, conta com cerca de 1.000 espécies vegetais conhecidas, sendo que 318 são endêmicas, ou seja, encontradas apenas neste local.

Alguns exemplos da flora:

  • Aroeira;
  • Umbuzeiro;
  • Juazeiro;
  • Caroá;
  • Ipê-roxo;
  • Macambira;
  • Coroa-de-frade;
  • Carnaúba.
Exemplo de espécie de cacto, encontrada na Caatinga.
Exemplo de espécie de cacto, encontrada na Caatinga.

Fauna da Caatinga

A fauna da Caatinga possui grande diversidade, com espécies encontradas apenas neste bioma. Muitos animais desenvolveram habilidades para sobreviver a grandes estiagens, como mudança para hábitos noturnos, aceleração da reprodução durante o período chuvoso, migrações sazonais e capacidade de dormência durante a seca.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a fauna representa:

  • 178 espécies de mamíferos;
  • 591 de aves;
  • 177 espécies de répteis;
  • 79 espécies de anfíbios;
  • 241 de peixes;
  • 221 espécies de abelhas.

Além disso, alguns exemplos dos animais desse bioma são:

Registro de onça-parda, espécie encontrada na caatinga.
Registro de onça-parda, espécie encontrada na Caatinga.

Unidades de conservação da Caatinga

Exemplos de áreas preservadas dentro do bioma:

  • Monumento Natural do Rio São Francisco;
  • Parque Nacional das Confusões;
  • Parque Nacional da Furna Feia;
  • Parque Estadual da Mata da Pimenteira;
  • Estação Ecológica Serra da Canoa.
Estrada passando por vegetação da Caatinga.
Estrada passando por vegetação da Caatinga.

Principais causas de degradação da Caatinga

A Caatinga possui aproximadamente 36% de sua área alterada por atividades antrópicas, destacando as seguintes causas:

  • Desmatamento: Extração vegetal para produção de carvão, lenha e madeira é uma das ameaças mais impactantes no bioma, com redução da biodiversidade e empobrecimento do solo;
  • Caça: Prática de caça predatória e tráfico de animais silvestres, que prejudicam a fauna local;
  • Queimada: Prática usada para “limpar” o terreno, reduz o aporte de nutrientes no solo, polui o ar e prejudica a saúde;
  • Pecuária extensiva: Excesso de pastoreio que resulta na maior compactação do solo e diminuição da drenagem;
  • Práticas agrícolas: Atividades agrícolas sem o adequado manejo do solo que diminuem sua capacidade de recuperação.

Estes impactos combinados nas regiões semiáridas podem resultar na desertificação, o estágio mais avançado de degradação deste tipo de ambiente. Segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), o semiárido brasileiro conta com quase 13% de sua área em processo de desertificação.