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Buraco na camada de ozônio está mais aberto que o esperado

Buraco na camada de ozônio está mais aberto que o esperado

Nesta temporada, o buraco na camada de ozônio está mais aberto do que o previsto, conforme indicam dados de satélite do Copernicus Climate Change Service. O movimento anormal pode desencadear um aquecimento ainda maior no Polo Sul e, consequentemente, acelerar o derretimento das geleiras na Antártida.

Vale lembrar que a camada de ozônio atua como um escudo invisível para o planeta Terra, impedindo que parte dos raios ultravioletas do sol entrem na atmosfera. As moléculas de ozônio é que absorvem a maior parte dessa radiação. De forma esperada, o buraco começa a aumentar e atinge as suas maiores dimensões em outubro. Até dezembro, ele já deve ter retrocedido. Neste ano, essa abertura ocorreu mais cedo que em 2021 e 2022.

Para Martin Jucker, professor do Centro de Pesquisa de Mudanças Climáticas da University of New South Wales, na Austrália, o movimento observado este ano é atípico. “Começar [a abertura] em agosto é certamente muito cedo”, afirma para o jornal The Guradian. “Geralmente não esperamos isso”, acrescenta.

Buraco na camada de ozônio vai crescer

Neste ano, ainda há um outro fator estranho, já que normalmente, durante os anos do El Niño, o buraco na camada de Ozônio tende a ser menor. Segundo preprint — estudo sem revisão por pares — publicado na plataforma ESS Open Archive, este não é o comportamento esperado para 2023.

Buraco na camada de ozônio deve ser bem maior este ano por causa da erupção do vulcão em Tonga (Imagem: NOAA/Wikimedia Commons)
Buraco na camada de ozônio deve ser bem maior este ano por causa da erupção do vulcão em Tonga (Imagem: NOAA/Wikimedia Commons)

Segundo Chris Lucas, pesquisador do Australian Bureau of Meteorology e um dos autores do artigo, a explicação por trás do crescimento do buraco está no impacto da erupção recorde do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em janeiro de 2022. Isso porque o episódio lançou uma quantidade sem precedentes de vapor d’água na estratosfera, estimada em 150 megatoneladas, que pressiona a camada protetora.

Até então, Lucas explica que um dos anos recordes nas dimensões do buraco na camada de ozônio foi 2000. É possível que, neste ano, a situação seja comparável, explica com base na modelagem desenvolvida.

Impacto do buraco na camada de ozônio

“Quanto mais radiação ultravioleta atinge a Antártida e o Oceano Antártico, mais energia estará disponível para derreter o gelo”, comenta Jucker sobre as consequências para o planeta. O especialista lembra que, hoje, os níveis de gelo já estão baixos, o que deve piorar ainda mais com o buraco da camada de ozônio no seu auge em outubro.

Se o cenário se confirmar, “existe o risco de que o Oceano Antártico aquecer ainda mais e, indiretamente, derreter mais gelo, porque a água próxima ao gelo é mais quente”, completa Jucker.