Anchor Deezer Spotify

Buraco na camada de ozônio chegou a três vezes o tamanho do Brasil em 2023

Buraco na camada de ozônio chegou a três vezes o tamanho do Brasil em 2023

Segundo estimativas da Agência Espacial Europeia (AEE), o buraco na camada de ozônio, localizado no topo da Antártida, ficou três vezes maior do que o Brasil, atingindo um de seus maiores tamanhos já registrados, com 26 milhões de km² no último dia 16. O monitoramento foi feito pelo satélite Copernicus Sentinel-5P.

A rarefação da camada de ozônio, como é chamado oficialmente o “buraco”, aumenta e diminui de tamanho sazonalmente. Entre agosto e outubro, ele aumenta de tamanho, chegando ao máximo de abertura entre meados de setembro e de outubro — em 2023, inclusive, a abertura começou antes do esperado. Quando as temperaturas da estratosfera aumentam no hemisfério sul, no entanto, a rarefação perde força, e, no final de dezembro, os níveis de ozônio voltam a subir, ficando em uma quantidade normal.

O buraco na camada de ozônio varia de tamanho de acordo com o momento do ano — em 2023, a abertura começou mais cedo, no início de agosto, quando nos anos anteriores isso ocorreu entre o final do mês e o início de setembro (Imagem: Sketchepedia/Freepik)
O buraco na camada de ozônio varia de tamanho de acordo com o momento do ano — em 2023, a abertura começou mais cedo, no início de agosto, quando nos anos anteriores isso ocorreu entre o final do mês e o início de setembro (Imagem: Sketchepedia/Freepik)

O Copernicus Sentinel-5P, lançando em 2017, é o primeiro satélite Copernicus dedicado ao monitoramento da atmosfera, utilizando um espectrômetro avançado chamado Tropomi, capaz de notar as assinaturas de gases atmosféricos em diversas faixas do espectro eletromagnético. É com as leituras do ozônio feitas por ele, processadas em centros aeroespaciais em terra, que descobrimos como está a camada de proteção contra os raios ultravioleta.

Por que o buraco da camada de ozônio está tão grande?

A variação de tamanho da camada de ozônio depende, principalmente, da força dos ventos estratosféricos que fluem para a região antártica. Eles são consequência da rotação da Terra e da diferença de temperatura entre as latitudes médias e polares — quanto maior a diferença, pior é a rarefação. Caso os ventos sejam fortes, uma barreira se forma, impedindo a troca entre as massas de ar polares e temperadas. Isoladas, as massas de ar sobre as latitudes polares esfriam durante o inverno.

Os cientistas da AEE consideram ser cedo para cravar os motivos das concentrações baixas de ozônio, mas acredita-se que a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em janeiro de 2022, e incêndios na Austrália tenham influenciado consideravelmente a camada de ozônio. Isso jogou muito vapor de água na estratosfera, chegando na região polar sul apenas no final do ano passado. Com isso, a quantidade de nuvens polares aumentou, onde clorofluorcarbonetos reagem e aceleram a rarefação de ozônio.

Lembrando que a quantidade de clorofluorcarbonetos em refrigeradores e aerossóis nos anos 1970 e 1980 foi o que causou o buraco na camada de ozônio, levando ao banimento e descontinuação de sua produção com o Protocolo de Montreal, em 1987. Com isso, espera-se que a camada se recupere e atinja o estado normal em 2050. No entanto, algumas substâncias de uso humano, como o bromofórmio, seguem ameaçando a recuperação dessa proteção natural.