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Brasil deve lembrar de proteger seus outros biomas para atingir metas climáticas

Brasil deve lembrar de proteger seus outros biomas para atingir metas climáticas

A Amazônia recebe os holofotes da mídia nacional e internacional pela sua inestimável importância para o planeta e pelas constantes ameaças que a floresta sofre. O Brasil, porém, possui outros cinco biomas que também carregam características únicas e precisam ser protegidos para que o país atinja suas metas climáticas.

Dos Pampas, ao Pantanal, passando pela Mata Atlântica, cada bioma brasileiro possui suas próprias espécies animais e vegetais e cumprem um papel socioambiental. Um estudo realizado em conjunto pelas Universidade de Exeter, no Reino Unido, e de Campinas (Unicamp), ressaltou a importância de dois ecossistemas cuja destruição acaba passando despercebida em comparação à Amazônia: o Cerrado e a Caatinga.

Vegetação do Cerrado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O bioma também precisa ser preservado para que o Brasil atinja suas metas climáticas (Imagem: Eliane de Castro/Wikimedia Commons)

Lucy Rowland, pesquisadora do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, afirma que o foco no bioma amazônico é compreensível, mas “isso foi feito assumindo que estes biomas não têm valor, quando, na verdade, sua diversidade de espécies vegetais se compara à da Amazônia.”

A Caatinga é um bioma presente na região nordeste que apresenta vegetação adaptada às secas. Já o Cerrado está presente — em maiores ou menores proporções — nas cinco regiões do país. Ele possui grandes áreas de vegetação arbustiva, mas também apresenta florestas de grande porte. Com o uso adequado de recursos, os pesquisadores estimam que estas áreas juntas podem armazenar quase 10 bilhões de toneladas de carbono até o intervalo de 2050 a 2080.

Formação vegetal no Rio Grande do Norte típica da Caatinga (Imagem: Diogo Sergio/Wikimedia Commons)

“Somando a caatinga e o cerrado, as áreas que podem ser restauradas de maneira financeiramente viável dobram, aumentando o potencial estoque de carbono em mais de 40% em relação ao oferecido somente pelas florestas,” diz Fernanda de Vasconcellos Barros, co-autora do estudo.

Até 2030, os resultados indicam que estes dois biomas podem capturar de 1,5 a 4,3 bilhões de toneladas de gás carbônico, sendo uma das melhores opções para o Brasil atingir as metas climáticas que o país tem até 2030.