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Belíssima espécie de sapo tóxico é descoberta no Equador

Belíssima espécie de sapo tóxico é descoberta no Equador

As florestas do Equador abrigam mais de 600 espécies de sapos catalogadas e, a cada ano, muitas são descobertas e descritas pela Ciência, como uma espécie descrita no início deste ano, que se parece com chocolate. E também como a que foi identificada por pesquisadores da Fundación EcoMinga, parceira da organização Rainforest Trust, que atuam na Cordilheira de Los Llanganates, nos Andes orientais do Equador, e têm, como missão, catalogar e proteger espécies da região.

Em sua última expedição, realizada em setembro, eles encontraram quatro sapos raros – todos a poucos metros do cume do Cerro Mayordomo, montanha próxima da bacia amazônica.

Belíssima espécie de sapo - tóxico! - é descoberta no Equador e batizada em homenagem a comediante defensor da naturezaFoto: Rainforest Trust/divulgação
A área de estudo é protegida pela Reserva Machay da EcoMinga, que a descreve como “íngreme e relativamente inacessível”, por isso, ainda não foi amplamente estudada. Como não há dados suficientes sobre as novas espécies, não é possível atribuir-lhes um status de conservação.

“Esta é uma espécie muito rara encontrada apenas em altas altitudes em uma parte remota da Reserva Machay”, declarou Lou Jost, presidente da EcoMinga, em post em seu blog a respeito do novo sapo. “Levamos quatro anos para encontrar indivíduos suficientes para fazer uma descrição completa” (é dele a foto que abre este post).

Grande (e desconhecido) conservacionista

Belíssima espécie de sapo - tóxico! - é descoberta no Equador e batizada em homenagem a comediante defensor da naturezaO primeiro ‘sapo de bolinhas’ avistado pelos pesquisadores – uma fêmea! – foi rapidamente identificado como novo para a ciência e batizado de Hyloscirtus sethmacfarlanei, em homenagem a Seth MacFarlane, criador da série de comédia de animação Family Guy (no Brasil, foi exibida pela Fox), que, por ser apoiador ‘de longa data’ da Rainforest Trust, é um importante defensor da natureza.

“Parecia perfeito nomear esse sapo, com suas bolinhas brincalhonas justapostas com seu status mais provavelmente ameaçado, homenageando Seth, que é conhecido mais por sua comédia do que por sua dedicação à ciência e à conservação”, destacou James Deutsch, CEO da organização ambiental, em comunicado à imprensa.

A nova espécie foi descrita pelos cientistas na revista PeerJ.

Alerta de toxicidade
Entre os quatro indivíduos encontrados, havia apenas uma rã. E, mesmo assim, os cientistas acreditam que as fêmeas dessa espécie devem ser pretas com manchas vermelhas brilhantes – como a que foi avistada por Darwin Recalde, técnico de campo local -, pois nenhuma fêmea de espécies intimamente relacionadas varia de cor.

Belíssima espécie de sapo - tóxico! - é descoberta no Equador e batizada em homenagem a comediante defensor da naturezaFoto: Rainforest Trust/divulgação
Além disso, devido a relatos de queimação e formigamento na pele, feitos por alguns dos pesquisadores logo após a coleta do primeiro espécime, eles acreditam que os padrões vibrantes apresentados por todos os indivíduos são sinais de alerta de sua toxicidade.

“As cores vermelhas e pretas brilhantes são como as cores de uma borboleta monarca, alertando os predadores de que essa seria uma escolha muito ruim para uma refeição”, destaca o estudo.

Depois de coletar o primeiro sapo – quer dizer, uma rã adulta!-, Jost, da Ecominga, escreveu as sensações de Darwin e Fausto (Tito) Recalde ao tocarem os animais: “… suas mãos e dedos começaram a coçar e a formigar, e a dor continuou mesmo várias horas depois que eles colocaram o sapo no chão; os juvenis são amarelos brilhantes com manchas pretas (veja no vídeo no final deste post) ‘e, também, exalam uma substância desagradável de sua pele”.

Foto: Rainforest Trust/divulgação
O estudo ainda indica que há sapos juvenis maiores, que apresentam marcas irregulares de cor laranja ou amarela sobre fundo preto, com coxins em laranja claro ou amarelo” (como o que está na abertura deste post).

Sem proteção legal
A Reserva Machay, em Cerro Mayordomo, integra corredor ecológico criado a partir de uma parceria entre governos locais e comunidades rurais: uma área de 42.052 hectares (cerca de 420 km2) entre os parques nacionais Llanganates e Sangay.

No entanto, como o corredor não é uma área protegida, oficialmente, não há muito o que celebrar já que ele não tem proteção legal. Há muito ambientalistas lutam para que o local conquiste esse status. E os autores do artigo científico arrematam:

“Nosso estudo confirma, ainda mais, a importância da criação do Corredor Ecológico Llanganates-Sangay, fora do sistema de parques nacionais do Equador, como um centro de endemismo e biodiversidade”.

Mônica Nunes
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.