TDAH: 90% das crianças diagnosticadas mantêm algum sintoma na vida adulta

Pesquisadores da Universidade de Washington acompanharam voluntários com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade dos 8 aos 25 anos

Cerca de 90% das crianças diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ainda apresentam algum grau do distúrbio na idade adulta, aponta um estudo conduzido por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

Publicado no início de agosto no periódico da Associação Americana de Psiquiatria, o achado contrapõe estimativas de pesquisas anteriores, que apontavam um índice bem menor, em torno de 50%.

Os cientistas acompanharam um grupo de 558 crianças com TDAH por 16 anos. Nesse período, foram realizadas oito avaliações, uma a cada dois anos, para verificação da ocorrência de sintomas. Os questionários eram feitos com os pacientes, familiares e professores.

De acordo com comunicado distribuído para a imprensa, 90% das crianças com TDAH que participaram do estudo continuaram a manifestar sintomas residuais do transtorno até a idade adulta jovem, embora, na maioria dos casos, tenham ocorrido períodos intermitentes de remissão. Os voluntários foram acompanhados dos 8 aos 25 anos.

Para os pesquisadores, os estudos anteriores que apontavam que apenas metade das crianças seguiam com sintomas do transtorno na idade adulta tiveram um seguimento limitado dos voluntários. Na maioria desses estudos, os participantes eram avaliados somente uma vez na idade adulta. Como o TDAH pode ter sintomas cuja ocorrência e intensidade variam ao longo da vida, a avaliação de apenas um momento da vida adulta não seria representativa.

Estilo de vida
A ciência ainda não tem uma resposta sobre o que provoca o agravamento do transtorno. Estresse e estilo de vida não saudável, como sono inadequado, má alimentação e falta de exercícios físicos regulares, podem ser fatores de risco. Medicação e terapia são os principais tratamentos indicados para o controle do TDAH.

Para Margaret Sibley, autora principal do estudo e professora associada de Psiquiatria e Ciências Comportamentais na Escola de Medicina da Universidade de Washington, é importante para as pessoas que são diagnosticadas com o transtorno escolherem um emprego ou hábitos de vida que sejam menos prejudicados pelas características comuns do transtorno.

Como é a doença
Os sintomas do TDAH se manifestam de maneiras diferentes em cada pessoa e não raro mudam dependendo da fase da vida. Entre eles estão desatenção, desorganização, esquecimento e falta de concentração, além de hiperatividade e impulsividade.

Em crianças, é caracterizado pelo excesso de energia. Já os adultos costumam apresentar impulsividade verbal, dificuldade para tomar decisões e não pensam antes de agir. Alguns ainda demonstram hiperfoco — quando a pessoa tem um comportamento repetitivo e concentrado em um mesmo assunto.

O tratamento deve ser orientado por um profissional e iniciado quando os sintomas estejam causando dificuldade em se relacionar, problemas em manter relacionamentos saudáveis e de longo prazo e incapacidade de completar tarefas diárias básicas.

Segundo os autores, estima-se que o transtorno afete de 5% a 10% da população. A maioria consegue viver com autonomia.

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