Saiba como tratar a queda de cabelo após infecção da Covid

O eflúvio telógeno agudo é comum na recuperação de doenças infecciosas. Nos casos mais graves, deve ser acompanhado por um dermatologista

Uma em cada quatro pessoas que se recuperam da Covid-19 sofrem com a queda de cabelo acentuada nos meses seguintes à infecção provocada pelo novo coronavírus, segundo um estudo feito por pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, México e Suécia publicado recentemente. O problema é conhecido como eflúvio telógeno agudo (ETA) e pode persistir por até seis meses, levando a perda de cerca de até 50% dos fios nos casos mais extremos.

“É um tipo de queda que pode ocorrer após vários fatores desencadeantes, como doenças infecciosas. Habitualmente, o ETA ocorre após três a seis meses do fator causal, porém, na Covid temos visto quadros de início mais precoce, após duas ou três semanas da infecção”, afirma a responsável pela área de Dermatologia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Ana Carolina Igreja.

A dermatologista Luanna Portela, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia do DF (SBD-DF), explica que, durante a infecção, o organismo prioriza a recuperação dos tecidos e da saúde em geral em relação às áreas menos importantes, como o folículo piloso, responsável pelo crescimento do fio. O estresse do corpo para se defender da doença é o responsável pela queda dos fios.

“Nós perdemos até 150 fios por dia em um processo de eflúvio telógeno. Nos casos de Covid-19, tem sido observado a queda de até 300 fios por dia, com alguns indo da fase anágena (de crescimento) para a fase telógena (de queda) de forma precoce. É como se os fios durassem menos. O paciente observa a queda de cabelo em tufos volumosos“, explica Luanna.

Não existe uma forma de prevenir a queda do cabelo depois que se é infectado pelo coronavírus, mas as dermatologistas garantem que eles voltam a crescer espontaneamente nos pacientes que apresentavam um couro cabeludo saudável antes da doença. O processo, no entanto, pode levar de semanas a meses e os fios costumam crescer mais finos, frágeis e quebradiços.

Quando a perda se torna um incômodo, os pacientes devem procurar um dermatologista habilitado para uma avaliação individual do couro cabeludo. No consultório, exames vão ajudar a determinar se o problema ocorreu exclusivamente pela Covid-19 ou por outra causa associada.
Segundo Ana Carolina Igreja, eflúvios telógenos pós-infecciosos podem ser gatilhos para quadros de alopécia androgenética – a perda permanente de cabelos que causa a calvície. Nesses casos, o tratamento precisará ser contínuo.

Quando o problema está associado exclusivamente à Covid-19, não há necessidade de tratamento, mas existem algumas opções para auxiliar no crescimento dos fios. Luanna Portela lista alguns:

  • Microagulhamento com infusão de medicamentos na pele (mmp);
  • Fotobioestimulação;
  • Fotobioterapia com led;
  • Intradermoterapia, um tratamento com injeções para aplicações de medicamentos;
  • Microagulhamento com drug delivery, um agulhamento robótico onde substâncias que aceleram o crescimento do fio são injetadas;
  • Low level laser therapy, tratamento com laser de baixa potência que o paciente pode fazer em casa.

“A queda é temporária, vai ter melhora, mas se ela estiver intensa, incomodando o paciente, ele deve procurar um médico especialista, que seja membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia”, aconselha Portela.

A dermatologista lembra que os xampus disponíveis no mercado melhoram o aspecto da textura dos fios, mas não auxiliam no crescimento.

Atendimento pelo SUS

Na rede pública de saúde do Distrito Federal, a avaliação da necessidade de tratamento é feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Quando necessário, a equipe de estratégia de saúde da família faz o encaminhamento para um dermatologista da pele.