Produções ilegais de carvão vegetal estão na mira das autoridades ambientais
O Jornal Hoje percorreu algumas áreas do estado e mostra que a queima de madeira é uma atividade comum no interior estado.
Árvores como angico, catingueira e aroeira não escapam das machadadas. A lenha que arde nos fornos vira carvão. O desmatamento em uma fazenda da região só foi barrado após uma denúncia anônima, que levou fiscais do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas à fazenda do presidente da Câmara de Vereadores de Piranhas, no sertão do estado.
Três fornos foram destruídos e o vereador multado em R$ 25 mil pelo desmatamento de uma área de caatinga preservada, de 70 mil metros quadrados. O vereador se defende: diz que o carvão não é dele e que não sabia do corte das árvores.
“Alugo para o pessoal criar gado, colocar roça, e o cidadão alugou e fez esse pequeno desmatamento. Não tinha conhecimento”, defendeu-se o vereador Agilson Ferreira Bastos.
Fazer carvão é proibido, porque causa danos ao meio ambiente, entre eles o desmatamento. Mas no sertão essa atividade é uma rotina na vida dos agricultores. Mesmo sabendo que não pode, que é proibido, eles fazem os fornos, na beira da estrada, sem medo da fiscalização.
Aos poucos, a vegetação de caatinga, típica do Nordeste brasileiro, com muitas espécies ameaçadas de extinção, vai desaparecendo, sem tempo para se recompor. Os lenhadores cortam plantas em uma área reflorestada pela própria natureza.
A equipe do Jornal Hoje identificou oito carvoarias em dez quilômetros. O saco com 20 quilos de carvão é vendido por R$ 9 para atravessadores, pessoas que revendem em cidades vizinhas pelo triplo do preço.
Na mesma região, a agricultora Maria Francisca da Silva segue por outro caminho e consegue fazer diferente. “O carvão destrói a natureza. Eu sou contra isso”, diz. Há cinco anos, ela planta mudas de oito espécies da caatinga. As primeiras já estão bem grandinhas. É como se fosse um cobertor verde, mudando a paisagem que já se parecia com a de um deserto.
“Fico muito alegre quando vejo essa grande natureza plantada, que foi eu que plantei. Isso é muito orgulho que eu tenho e sempre eu passo para as comunidades”, completa Francisca.
Segundo o Ibama, para que uma carvoaria funcione de forma legal, é necessário comprovar a origem da madeira, que não pode ser nativa da região. e é preciso ter um registro da área de extração e da carvoaria. O carvão legalizado tem o número de certificação ambiental, impresso na embalagem do produto.