Planeta do tamanho da Terra é descoberto vagando pela Via Láctea

Uma equipe liderada por astrônomos da Universidade de Varsóvia, na Polônia, relatou nesta quinta-feira (29) uma descoberta empolgante: um pequeno corpo celeste vagando solitário pela Via Láctea. Trata-se de um possível ‘planeta errante’ de proporções parecidas com as da Terra, o menor desse gênero a ser capturado por um telescópio terrestre até hoje.

“Nossa descoberta demonstra que planetas errantes de massa reduzida podem ser detectados e caracterizados utilizando telescópios terrestres”, afirma Andrzej Udalski, coautor do artigo que descreve o candidato a exoplaneta, publicado no Astrophysical Journal Letters.

Por que a descoberta empolga?

Quando pensamos em planetas, é certo imaginar que eles estejam orbitando uma estrela central massiva, como a Terra faz com o Sol. Entretanto, isso não se aplica a todos os casos – os planetas errantes recebem este nome justamente por vagarem soltos na Via Láctea, isto é, sem orbitar estrela alguma.

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Ilustração conceitual de um planeta errante vagando pelo espaço. Imagem: Wikimedia Commons

O fato é que os cientistas costumam identificar exoplanetas por meio de uma técnica chamada “método de trânsito”. De forma bem simples, ela funciona da seguinte maneira: quando um corpo celeste passa em frente à sua estrela central, a fonte de luz oscila e fica mais fraca, já que um objeto escuro bloqueia parte da visão.

Microlente gravitacional

A equipe de Udalski, então, utilizou um método fundamentalmente oposto ao de trânsito para capturar o viajante. Em vez de observar a redução do brilho de uma estrela, eles se atentaram à sua amplificação, por meio de uma técnica chamada “microlente gravitacional”.

A grosso modo, quando um corpo celeste está suficientemente alinhado entre a perspectiva do observador e uma estrela, seu campo gravitacional pode atuar como uma “lente”, intensificando o brilho da estrela em questão.

“As chances de observar esses eventos são extremamente reduzidas porque três objetos [a fonte de luz, a lente e o observador] devem estar quase perfeitamente alinhados”, explica o autor principal do estudo, Przemek Mroz.

“Se observássemos apenas uma estrela fonte, teríamos de esperar quase um milhão de anos para ver o planeta agindo como microlente”.

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Concepção artística do fenômeno de microlente gravitacional. Imagem: Jan Skowron/Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia

Por isso, os pesquisadores acompanhavam o brilho de diversas estrelas ao mesmo tempo por meio de instrumentos do Observatório Las Campanas, no Chile. O candidato a exoplaneta foi batizado como OGLE-2016-BLG-1928, e seu evento de observação durou aproximadamente 42 minutos, um dos mais curtos já registrados com a técnica de microlente.

Os cálculos da equipe sugerem que a massa do corpo celeste está entre a de Marte e a da Terra, e que provavelmente ele vaga mais próximo do planeta vermelho que daqui.

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