Pesquisadores descobrem gênero de dinossauro que viveu há 85 milhões de anos no interior de SP
‘Arrudatitan maximus’, a única espécie do gênero, faz parte do grupo dos titanossauros. Com pescoço e caudas longas, animal de 22m é do período Cretáceo, antes da separação da Pangeia.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) descobriram, em parceria com o Museu de Paleontologia de Monte Alto (SP), um gênero de dinossauros inédito na paleontologia, o Arrudatitan, que faz parte do grupo dos titanossauros e vivia no interior de São Paulo.
O gênero tem apenas uma espécie, o Arrudatitan maximus, um dino herbívoro de 22 metros, com pescoço e cauda longas, que viveu 85 milhões de anos atrás, no Cretáceo, período em que ocorreu a separação da Pangeia, uma massa continental que unia todos os continentes do planeta Terra.
“A região de Monte Alto é muito produtiva, então pode ser que sejam achados novos fósseis, de espécies que sejam parentes do Arrudatitan maximus e sejam incluídas neste novo gênero, que é exclusivo de São Paulo”, diz o mestre em biologia Julian Junior, o principal autor da pesquisa.
A partir de descrições feitas pelos paleontólogos, artistas reconstituíram digitalmente o Arrudatitan maximus. Por uma das artes, é possível compreender a grandeza do animal, que tinha um comprimento equivalente ao espaço ocupado por cinco carros estacionados em fileira.
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‘Arrudatitan maximus’, espécie do grupo titanossauro que viveu no interior de São Paulo, tinha 22 metros de comprimento — Foto: Deverson Pepi/Arte/Divulgação
O estudo conduzido por Junior indicou que, diferente do que há anos se acreditava, a espécie não pertence ao gênero Aelosaurus, cujas espécies viveram na Argentina. A principal diferença entre eles está nas articulações da cauda, mas suas ancestralidades genéticas também são distintas.
“Esta descoberta dá uma cara mais regional e inédita para a paleontologia brasileira, além de refinar nosso conhecimento sobre os titanossauros, que são estes dinossauros pescoçudos”, avalia o paleontólogo Fabiano Iori, do museu de Monte Alto, que participou do estudo.
Os resultados da pesquisa foram publicados na quinta-feira (29) em um artigo na Historical Biology, uma importante revista científica de paleobiologia. Além de Junior, que é doutorando da USP, o trabalho contou com auxílio de pesquisadores do Rio Grande do Norte e da Argentina.
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Fóssil do ‘Arrudatitan maximus’, que viveu no período Cretáceo, foi encontrado em Cândido Rodrigues (SP) em 1997 — Foto: Érico Andrade/G1
Fósseis
Os fósseis do Arrudatitan maximus foram encontrados em 1997, na zona rural de Cândido Rodrigues (SP), pelo vendedor de frutas Ademir Frare e seu sobrinho, Luiz Augusto. A dupla avisou Antônio Celso de Arruda Campos, o professor Toninho, que foi precursor da paleontologia em Monte Alto.
Foi em homenagem ao sobrenome do professor, aliás, que os pesquisadores batizaram o novo gênero. Toninho comandou diversas escavações no município, onde também foram encontrados vestígios de uma aldeia indígena que habitou a região mil anos antes antes da chegada dos portugueses ao Brasil.
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Vendedor de frutas e sobrinho encontraram por acaso fóssil do ‘Arrudatitan maximus’ em Cândido Rodrigues (SP) — Foto: Museu de Paleontologia de Monte Alto/Arquivo
A trajetória e as descobertas de Toninho foi contada pelo G1 em uma série de reportagens publicadas em 2018. Ele ajudou a criar o museu de Monte Alto, onde há cerca de 1,3 mil fragmentos de ossos de quatro espécies de dinossauros e seis de crocodilos, além de tartarugas e moluscos de água doce.
“Até o momento, os fósseis do Arrudatitan maximus são os maiores que temos em exposição. Esse estudo amplia nossos conhecimentos sobre os titanossauros brasileiros e abrem portas para novas pesquisas”, analisa Sandra Tavares, que dirige o museu.
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Fósseis do ‘Arrudatitan maximus’, um titanossauro, estão expostos no Museu de Paleontologia de Monte Alto (SP) — Foto: Museu de Paleontologia de Monte Alto/Divulgação