Pesquisa revela que elefantes mudam hábitos para evitar caçadores

Os elefantes na África Oriental estão adaptando seu comportamento para sobreviver à maior ameaça à sua existência: os caçadores.

Um estudo publicado na revista científica Ecological Indicators sugere que os elefantes estão conscientes do perigo dos caçadores e passaram a fazer suas jornadas à noite para evitá-los.

A pesquisa, realizada pela organização Save the Elephants e a Universidade de Twente, no Quênia, utilizou o rastreamento de GPS e os dados de mortalidade coletados sobre a área no norte do Quênia entre 2002 e 2012.

Os dados ajudaram a calcular a “taxa de velocidade dia-noite” da movimentação dos elefantes em relação à frequência da caça nas áreas próximas. Eles descobriram que os animais andavam mais à noite do que durante o dia, quando os caçadores são mais ativos.

Os elefantes conseguem enxergar no escuro, mas a mudança no comportamento pode torná-los vulneráveis a outras ameaças. De noite, os filhotes podem se perder de suas mães ou serem atacados por leões e outros animais que caçam no escuro.

Essa descoberta sustenta pesquisas anteriores sobre o comportamento destes, como um estudo publicado em março que concluiu que os elefantes na natureza dormiam muito menos do que aqueles mantidos em cativeiro porque passam grande parte de seu tempo fugindo de caçadores.

Segundo o fundador da Save the Elephants, Iain Douglas-Hamilton, o estudo mostra a capacidade do elefante africano de se adaptar para se proteger. Ele afirmou que a mudança no comportamento dos animais traz consequências ainda desconhecidas para sua reprodução e sobrevivência.

Os pesquisadores acreditam que os resultados podem contribuir para o monitoramento da caça quase em tempo real, e pode se tornar uma ferramenta efetiva para salvar a vida dos elefantes.

Esta é melhor parte da pesquisa, de acordo com Ian Redmond, consultor da Fundação Born Free.

Ele afirmou que a mudança no comportamento destes animais não é tão surpreendente, porque a inteligência deles já é conhecida no mundo científico.

“Sabemos que os elefantes têm um cérebro quatro vezes maior do que o dos humanos e que eles têm uma sociedade complexa,” disse Redmond.

Ele acrescentou que, apesar disto, o GPS pode ser uma ferramenta muito útil para o monitoramento dos animais selvagens.

Ao acompanhar os padrões de movimentação dos elefantes, a tecnologia pode servir para avisar as autoridades da reserva para evitar que eles sejam mortos.

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