Pesquisa da USP aponta que plantação de cana causa danos às aves
Uma pesquisa da USP Piracicaba (SP) mostra que a monocultura canavieira causa impacto danoso à biodiversidade de aves. De acordo com o estudo do biólogo Eduardo Roberto Alexandrino, onde há o predomínio de grandes plantações de cana de açúcar há uma ocorrência menor de espécies de aves em comparação a locais onde há pequenas propriedades agrícolas.
Durante um ano, Alexandrino colheu informações mensalmente sobrea aves ocorrentes em oito áreas localizadas no interior de pastagens e canaviais, e também em oito áreas florestais inseridas em cinco paisagens agrícolas (cada paisagem com 16 km², ocupado predominantemente por pasto ou cana-de-açúcar e com algumas áreas florestais) da Bacia do Rio Corumbataí, no estado de São Paulo.

Foto: Terra da Gente
Foram registradas 132 espécies no meio das pastagens enquanto que apenas 72 nos canaviais, sendo que tanto a riqueza geral quanto a abundância relativa de alguns grupos de aves foram explicadas pela variação na heterogeneidade da paisagem, avalia o pesquisador.
“Muitas pastagens existentes na parte norte desta bacia hidrográfica estão localizadas dentro de pequenas propriedades familiares, e lá existem diferentes elementos estruturais, como árvores isoladas, construções rurais, pequenos jardins. Tudo isso ajuda a criar uma paisagem agrícola mais heterogênea e diversa, favorecendo a presença de uma grande quantidade de aves. Essa situação não é facilmente encontrada na paisagem agrícola dominada por grandes canaviais”, comenta Alexandrino.
Risco ambiental
Com este resultado, o biólogo alerta que se uma expansão canavieira ocorrer, substituindo demais culturas, o impacto à biodiversidade de aves poderá ser elevado, por conta do atual manejo e ordenação territorial do setor canavieiro. “Este é um risco potencial já que existem clamores em esfera mundial pelo o uso de biocombustíveis”,diz.
A pesquisa também constatou que dois métodos obtidos por meio dos dados de aves, como a riqueza de espécies e índice de diversidade, não funcionavam como parâmetros para avaliações de impacto ambiental em áreas florestais.
“Todos estes resultados são chocantes, já que as atuais legislações ambientais, paulista e nacional, solicitam que estes métodos analíticos sejam empregados em estudos de impactos ambientais de empreendimentos que visam obter as licenças ambientais necessárias para seu funcionamento. Ou seja, é bem provável que vários empreendimentos já instalados, tenham avaliado erradamente os fragmentos florestais que tiveram que sofrer intervenções ou corte por conta da chegada do empreendimento”, alerta o pesquisador.