Papai Noel da crise hídrica: O presente de Natal de SP será sair do volume morto

O conjunto de reservatórios do sistema Cantareira, o principal que abastece São Paulo e o mais atingido pela estiagem histórica dos últimos anos, pode sair do desespero nos próximos dias. Até o dia 24 de dezembro, o limite pode sair do chamado volume morto. O volume morto é uma água que fica abaixo dos sistemas tradicionais de captação. Diante da falta de água, os engenheiros arrumaram um jeito de criar tubulações novas e captar esse volume que até então não era usado. Há 18 meses, a Cantareira está dentro do volume morto. Saindo dele, o sistema terá água suficiente para abastecer os consumidores por cerca de 260 dias, dependendo do rigor do uso. Seria em tese o bastante para atravessar o período seco do ano e chegar até o outro verão, de dezembro de 2017.

O alívio é produto das chuvas de um verão normal que transcorre agora. Os meses de novembro e dezembro (até agora) registraram precipitações mais ou menos dentro da média. Não foi nada demais. Apenas um verão onde as frentes frias chegam como devem e as tempestades de fim de tarde se forma e despencam sobre as cidades, causando os transtornos de sempre. A volta das chuvas se deve ao fim da formação anormal de um bloqueio atmosférico que impedia a chegada da umidade nos verões de 2013 e 2014.

Também ajudou a presenção de um dos mais fortes El Niños já registrados. O fenômeno, caracterizado pelo aquecimento da superfície da faixa tropical do Oceano Pacífico, tende a aumentar as chuvas no Sudeste do Brasil. O El Niño deve continuar forte até o fim do verão, em março de 2016, segundo Alexandre Nascimento, meterologista do Climatempo. Depois ele se dissipa, deixando para trás alguns centímetros a mais no nível dos reservatórios.

A recuperação completa do Sistema Cantareira, porém, ainda exigirá alguns anos. A seca foi tão extraordinária que não basta um verão ordinário para recuperá-lo. Para uma recuperação mais acelerada, seria preciso chover o dobro da média durante todos os meses de dois verões. Seriam chuvas catastróficas numa intensidade e frequência que São Paulo nunca viu. Isso significaria tanta destruição com as enchentes e desabamentos que é melhor termos paciência mesmo.

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