
Pois é. As primeiras canções, ainda na pré-história, teriam sido uma estratégia de mães isoladas para manter seus filhos quietinhos sem precisar pegar eles no colo o tempo todo. O truque dava tão certo que essas mulheres específicas, com uma habilidade musical melhor que a média, também se deram melhor na seleção natural – e deixaram muitos descendentes cantores. As vantagens práticas disso são fáceis de entender: se você põe um bebê de lado para colher frutas ou cortar carne, é mais negócio acalmar o rebento com música do que deixar ele chorar em voz alta (e atrair predadores no processo, é claro).
A música sempre foi um desafio para psicólogos que adotam a teoria da evolução de Darwin para analisar o comportamento humano. Nós adoramos ver as pessoas cantarem, e também dedicamos muito tempo a aprender a tocar instrumentos que, na maior parte das vezes, não nos trarão nenhuma vantagem além da própria capacidade de ordenar sons no tempo. O trunfo dessa teoria é que ela confere à música uma utilidade clara em uma época em que mal existia cultura – e ajuda a explicar porque tantos povos, não importa o quão isolados estivessem um do outro do ponto de vista geográfico, desenvolveram suas próprias canções.