
Chalconatronita (Creative Commons)
Na lista de novos minerais estão bizarrices como a chalconatronita, uma espécie de crosta azul brilhante que surge em artefatos arqueológicos de cobre encontrados no Egito, e a andersonita, que é amarelo-fluorescente como um marcador de texto, leva urânio na receita e pode ser encontrada nas paredes de túneis de mineração. O SS Cheerful, navio que afundou na costa da Inglaterra em 1885, viajava carregado de lingotes de estanho, que em contato com a água salgada formaram um mineral chamado abhurita. E a calclacita nasce do contato de minerais guardados em gavetas de museu com a madeira desses móveis – até no lugar que preserva o passado a natureza dá um jeito de inovar.
Andersonita (Creative Commons)
No artigo científico, a equipe afirma que esses casos curiosos, em um futuro muito distante, formarão uma camada muito reconhecível e distinta nos registros estratigráficos. Em outras palavras, quando tudo que você conhece estiver enterrado, a “fatia” de rocha que corresponde ao nosso período de dominação na Terra estará cheia de características que denunciam nossa passagem por aqui. “Três tipos de atividade humana afetaram a distribuição e a diversidade de minerais na Terra de tal forma que isso possa se refletir nos registros estratigráficos mundiais”, afirmam os autores. “A mais óbvia é a ocorrência de compostos minerais sintéticos. A segunda é a redistribuição de minerais próximos à superfície pela remoção de grandes quantidades de pedras e sedimentos (mineração). Finalmente, os humanos foram muito eficientes em redistribuir pedras preciosas por todo o globo.”
Abhurita. (Creative Commons)
Como a identificação oficial de uma era geológica depende muito do conjunto de minerais característicos de um período, especialistas entrevistados por diversos veículos concordam que o rótulo “antropoceno” – que ainda não é oficial – está a cada dia mais próximo de ser adotado de vez pela escala de tempo geológico, e que o novo estudo dá ainda mais estímulo para a iniciativa.