Líderes indígenas dizem que a destruição das florestas gera doenças como a do COVID-19
Dinamam Tuxá, coordenador da Associação dos Povos Indígenas do Brasil, diz que a cura da pandemia pode vir de medicamentos naturais indígenas
“A mesma destruição florestal que acelera as alterações climáticas pode promover também o aparecimento de doenças como o coronavírus”, defendeu um grupo de líderes indígenas numa coletiva de imprensa realizada pela internet dia 13, em Nova York (EUA), e que reuniu três líderes indígenas para debater o futuro das florestas.
“O coronavírus está dizendo ao mundo o que temos dito há milhares de anos: que se não ajudarmos a proteger a biodiversidade e a natureza, enfrentaremos essas e piores ameaças no futuro”, afirmou Levi Sucre Romero, o indígena da Costa Rica que é coordenador da Aliança Mesoamericana de Povos e Florestas.
Mina Setra, líder indígena e secretária-geral da Aliança dos Povos Indígenas do Arquipélago (AMAN), que representa 17 milhões de povos indígenas em toda a Indonésia declarou: “É provável que um animal seja responsável por um vírus que infectou dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo com coronavírus e colocou a economia global sob pressão. Se ao menos o mundo tivesse trabalhado para fortalecer os direitos dos povos indígenas – que aprenderam a viver na natureza com biodiversidade e a proteger espécies animais e vegetais – veríamos menos epidemias como a que enfrentamos hoje”.

Dinamam Tuxá, coordenador e assessor jurídico da Associação dos Povos Indígenas do Brasil, também presente na conferência, disse que o Brasil está sofrendo um crescente ataque aos direitos dos povos indígenas: “Estamos a ser criminalizados e assassinados. Uma das principais empresas que financia o genocídio e a destruição de terras indígenas é a norte-americana Cargill. Exigimos respeito pelos direitos indígenas e a garantia de que não há produtos ligados à desflorestação que chegam aos países das empresas multinacionais”.
Os líderes indígenas disseram ainda que podem ajudar a encontrar medicamentos para tratar o coronavírus e epidemias futuras. “A cura para a próxima pandemia pode estar nas nossas terras, e o importante é que o nosso conhecimento tradicional seja adequadamente reconhecido”, defendeu Dinamam Tuxá. “Em vez disso, as grandes empresas farmacêuticas entram nas nossas comunidades, extraem os nossos conhecimentos e plantas tradicionais, sem reconhecer os nossos direitos”, concluiu. As informações são do portal Público.Pt.