Enchentes podem ser evitadas com a utilização de pisos drenantes em espaços públicos

A dificuldade para o escoamento da água das chuvas e a falta de obras de prevenção podem colocar Belo Horizonte mais uma vez em alerta com a chegada das chuvas. A situação, que se repete ano após ano, chamou novamente a atenção no final de outubro, quando uma inundação tomou conta da avenida Vilarinho, na região de Venda Nova, dando mais um exemplo dos danos causados pelas enchentes em áreas urbanas e sobre a necessidade de providências por parte do poder público.

De acordo com o diretor administrativo do Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado de Minas Gerais (Siprocimg), Rubens Corrêa Teixeira, o cenário poderia ser evitado a partir de medida simples: a utilização do piso drenante nas áreas de estacionamento. A aplicação dos pisos drenantes, antes utilizados principalmente em construções particulares, vem sendo apontada pelo setor como uma solução para o escoamento das águas nos espaços públicos, seja em praças, parques, estacionamentos e calçadas.

Sua utilização será facilitada, principalmente, pela normatização da produção deste material, em agosto deste ano. De acordo com Teixeira, a normatização da produção traz inúmeras vantagens para a população em geral. “Sua importância tem a ver, principalmente, com as questões de resistência e permeabilidade do produto. E isso acaba resultando em uma maior confiança e segurança para os consumidores”, ressalta.

A NBR 16.416, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já está sendo aplicada pelas indústrias, porém, o produto ainda tem um vasto caminho a percorrer para que se torne uma peça-chave na composição dos espaços públicos visando melhorar o acesso da água aos lençóis freáticos.

O entrave fica por conta da aceitação dos órgãos públicos em relação à utilização do piso permeável. “De acordo com a Prefeitura Municipal e a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), é obrigatório criar áreas permeáveis em todas as edificações que forem construídas em Belo Horizonte. Hoje, a PBH só aceita que isso seja feito com grama, porque como não havia norma para os pisos, acreditava-se que eles não eram eficazes”, explica o diretor do Siprocimg.

Arquitetos aprovam a medida

“A utilização deste material é um exemplo de boa prática de arquitetura e urbanismo sustentável, que poderia ajudar na manutenção do bem-estar da população, evitando o acumulo da água e os estragos que isso arreta às pessoas e à cidade”, explica a arquiteta Edwiges Leal. É dela, inclusive, o projeto que propõe a implementação de áreas permeáveis nas calçadas das ruas que ficam dentro da Avenida do Contorno, uma das principais vias da capital mineira. “Nesses locais, temos diversos casos de inundações. Por isso, a ideia é que os pisos drenantes sejam colocados até o piso podotátil, passando por onde são plantadas as árvores, a fim de alimentá-las com água”, explica a arquiteta.

A arquiteta defende também que a prefeitura adote os pisos permeáveis nas áreas de estacionamento de faixa azul. “Entendemos que é uma área morta da cidade. Se, em toda rua que possui esse espaço for criada uma entrada de água, teremos um filtro constante no município, reduzindo assim as chances de inundações”, ressalta Edwiges.

Baixo custo

Ao contrário do que se possa pensar, a NBR 16.416 não deve onerar a produção do piso permeável, mas, sim, trazer segurança para o empresariado investir e, logo, automatizar, ainda mais, sua produção. “Vamos ter que ajustar algumas coisas no parque industrial, mas, pelo fato de estarmos mais seguros por meio da normatização, poderemos investir em equipamentos que irão refletir na melhoria dos produtos, além de uma baixa nos preços para o consumidor”, ressalta Teixeira.

Segundo o dirigente, o mercado está preparado e carente de produtos como os pisos drenantes. “Em função da questão climática, é preciso captar a agua de forma inteligente, permitindo que ela percorra o seu ciclo natural. Por enquanto, a água que vem das chuvas que caem nas grandes cidades acaba caindo no asfalto e causando enchentes e outros desastres”, atenta Teixeira.

Veja abaixo como funciona os pisos drenantes:

 

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