Emoção sustentável

Criança que foi símbolo do 10º Seminário Internacional de Sustentabilidade e XXV Congresso Mundial da Uniapac - Imagem: ShutterstockO ser humano ainda chora. Que bom! Foi o que aconteceu com a equipe da Ecológico durante no “10º Seminário Internacional de Sustentabilidade e XXV Congresso Mundial da Uniapac”, cujos líderes convidados fizeram lotar e emocionar o público presente no Palácio das Artes, em BH, assunto de capa desta edição.

Ao ouvir o depoimento da médica Vera Cordeiro, fundadora da Associação Saúde Criança, no Rio de Janeiro, que trabalha com uma metodologia pioneira para reestruturar famílias de crianças em risco social e promover seu autossustento, nosso grupo não resistiu.

Como todo bom mineiro, tentamos disfarçar as lágrimas. E olhamos, mais mineiramente ainda, para a primeira pessoa que estava ao nosso lado. Era um homem grande, alto, de óculos, terno e gravata. Este também chorava. Só depois, com os olhos menos turvos, o identificamos: era o empresário Sérgio Cavalieri, presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE Uniapac Brasil), também sem conseguir esconder a emoção.

A busca continuou. Olhamos para os palestrantes no palco estampado com a imagem de uma criança (foto) que se tornou símbolo do evento. À esquerda, depois para a plateia à nossa frente, e atrás: todos estavam emocionados por causa de uma palavra hoje mágica, real e capaz de salvar não apenas a natureza do inferno climático do planeta, como toda a humanidade que dela depende para continuar vivendo e ter esperança. Essa palavra é a tal “sustentabilidade”, o somatório genial do “economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente mais justo”. E com um ingrediente básico, estratégico e urgente ali proposto, que pode explicar tantas lágrimas derramadas: a inclusão do amor à natureza e a nós mesmos. É o que você, caro (a) leitor (a), vai conferir na reportagem que começa na página 42.

“É o amor sustentável” que os ambientalistas ainda aguardam pulsar no coração do governador de Minas, Fernando Pimentel. Não sonham mais comover a presidente Dilma Rousseff, cujo orçamento para combate ao desmatamento na Amazônia caiu, de 6,7% durante a administração Lula para 1,8% no seu governo atual. Uma diminuição desamorosa e acumulada de 72% na proteção, que deveria ser prioridade número um, da maior floresta tropical e diversidade biológica do planeta.

“É o amor” às aves em extinção, você também vai conferir, do ator Victor Fasano, em entrevista exclusiva nas Páginas Verdes. O amor à vida, e não ao suicídio, na segunda reportagem que trazemos sobre o livro “Viver é a Melhor Opção”, do jornalista André Trigueiro. O amor inteligente, econômico e sábio à energia solar, no lugar das caras e poluentes usinas térmicas movidas a diesel (ninguém merece esse atraso…).

Tem mais. O amor inconfidente e mobilizador pela melhoria do ensino do engenheiro e professor Evando Neiva, presidente do Movimento Conspiração Mineira. E a “Catraca Livre” também pela educação, do jornalista Gilberto Dimenstein, em Memória Iluminada.

São reflexões e notícias confirmatórias, enfim, de que há esperança. Enquanto permitirmos à natureza poder fabricar chuvas, e existir um só casal de humanos sobre o planeta com capacidade ainda de chorar, a esperança existe.

Se nossas lágrimas forem do bem, de luz e amor, não tenhamos dúvidas, ela se multiplicará. Ou, no mínimo, iremos atrasar, nem que seja só um pouquinho, o que está determinado pelo que já fizemos de insustentável com a natureza desta terra maravilhosa, a única conhecida com vida do Sistema Solar. Esse presente cósmico de Deus, cuja falta de humildade e visão antropocêntrica nos impede de percebê-la maior do que nós, nem de a admitirmos doravante como prioridade máxima de governos na agenda política apartidária e cotidiana de nossas vidas.

Basta vermos a surra hídrica, meteorológica e climática que a natureza vem nos dando, mesmo assim, sem abaixarmos o nosso facho. A tal natureza, seja mineira, brasileira ou planetária, como ela mais reage:  nada esquece, tudo anota, não perdoa e cobra.

Boa e lacrimosa leitura!

Até a lua cheia de novembro.

Fonte: Revista Ecológico

 

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