Destino: O que você coloca no lixo não some
Antes de começar a ler essa matéria, responda: Você separa o lixo? Se essa atitude ainda não está presente no seu dia a dia, você precisa começar a refletir e entender que o destino do que você descarta é sua responsabilidade. O compromisso de separação não é apenas dos funcionários da Usina de Triagem em Linha Estrela mas, também, sua. Além de pagar por isso, é você quem sentirá o impacto que isso gerará ao meio ambiente.
Diariamente, a Usina recebe 33 toneladas de lixo e, somente, 10% podem ser reaproveitados. Se nossa atitude, dentro de casa, na hora de colocar o resíduo na lixeira, fosse diferente, certamente esse percentual seria muito maior.

Quando se vai até a Usina de Triagem, localizada em Linha Estrela, é possível ver a dimensão da mistura que os venâncio-airenses fazem com o lixo. Lá no meio da esteira, onde as

mãos trabalhadoras, protegidas por luvas, tem a missão de separar o que é possível reciclar, encontram-se coisas que nem se imagina. Aquilo que você coloca na lixeira e depois amarra para nunca mais ver, é aberto e separado pelos funcionários. Mas o problema não é só esse. Além deles terem que separar o que cada um não separa em seus lares, os funcionários se deparam com muitos itens que não poderão ser mais aproveitados, justamente porque foram misturados, ficaram sujos e impossibilitados de serem reciclados.
Segundo Isabela Cristina Xavier, 28 anos, que trabalha na esteira de triagem, muitas coisas inusitadas são colocadas no lixo. O que chama a atenção dos trabalhadores é a quantidade de coisas que poderiam ser doadas para quem precisa, como roupas. O ‘melhor’ lixo para se separar, de acordo com ela, vem do interior do município. ‘As famílias do interior não costumam misturar o lixo. Olha aqui [diz enquanto abre um saco de fraldas] só tem isso dentro e nada misturado’, observa.
Ela percebe que no período que trabalha na Usina, há três anos, a comunidade não avançou na separação do lixo.
10% são recicláveis
Toneladas chegam à Usina, todos os dias. Do total, aproximadamente 50% é lixo orgânico, outros 23% são resíduos recicláveis e, apenas 10% são realmente reciclados, pois estão adequados para este processo. ‘Se os resíduos virem separados em orgânico e seco ajuda muito, mas muitas pessoas ainda não fazem isso, o que acaba se tornando um problema sério retirar o lixo seco do meio de uma sacola de lixo orgânico’, destaca a coordenadora da Usina de Triagem, Tailane Hauschild.
Meu sonho é que não venha mais o orgânico para cá
Tailane recorda que no início do trabalho na Usina -reinaugurada em maio de 2012 – a porcentagem do material que era reciclado era maior, em torno de 18%. Além da irresponsabilidade da população, ela atribui a diminuição do lixo seco aos catadores.
Após serem triados, os resíduos são levados para Minas do Leão, cidade distante a aproximadamente 130 quilômetros de Venâncio Aires, onde fica o aterro sanitário.

Lixo inusitado
Enquanto conversava com a reportagem, Tailane relatou diferentes itens que já chegaram à Usina, dentre eles, animais mortos, livros em ótimo estado, máquinas fotográficas e roupas. ‘Nós já pegamos roupas e livros em bom estado para nós’, diz.
R$ – Quanto gastamos até aqui
Para levar o lixo que produzidos até a Usina de Triagem, em Linha Estrela, a Prefeitura de Venâncio Aires tem um custo mensal de aproximadamente R$ 270 mil, o que inclui a coleta coletiva por tonelada, por quilômetro rodado, coleta rural e os contêineres. Além disso, existe um quantia de R$ 21.869,55 para manter a Usina em operação.
Série especial: Viaje conosco
Neste sábado, começamos a percorrer um caminho muito importante para todos nós, o do lixo. Convido você, leitor, a viajar conosco nessa reportagem que mostrará o trajeto percorrido pelo lixo que produzimos diariamente. Nesta edição, mostramos o trabalho realizado próximo de nós – na Usina de Triagem. Mas o percurso não termina e, na próxima semana, vamos percorrer aproximadamente 130 quilômetros até Minas do Leão, cidade que recebe os resíduos de 132 municípios do Rio Grande do Sul, inclusive o nosso. O assunto é sério, envolve teu dinheiro, tua cidade, teu futuro. Vem com a gente! |