Cumprimentos como “oi” e “tchau” são comuns entre chimpanzés, diz estudo

Primatas como chimpanzés e bonobos fazem uso constante de sinais gestuais como “oi” e “tchau” para abrir ou fechar uma conversa ou outra interação social, segundo novo estudo conduzido por cientistas da Universidade Durham, no Reino Unido.

O material publicado no jornal iScience analisou cerca de 1,2 mil interações sociais entre grupos de chimpanzés, bonobos (também conhecido como “chimpanzé-pigmeu” ou “chimpanzé-anão”) e outros primatas relacionados em zoológicos, revelando que os animais trocavam sinais que iam desde acenos no ar, passando por toques de mãos ou no corpo e até cabeçadas, não muito diferente do que um humano faz com uma pessoa mais íntima.

Imagem mostra um bonobo, um primata próximo dos chimpanzés, que entendem sinais como "oi" e "tchau" e os praticam em interações sociais, segundo novo estudo
Chimpanzés e bonobos usam sinais muito parecidos com os humanos para entrar e sair de interações sociais: em termos menos técnicos, eles dão “oi” e “tchau”, assim como nós. Imagem: Sergey Uryadnikov/Shutterstock

“Com os humanos, essa ideia se mostra favorável aos compromissos (sociais) conjuntos”, disse Raphaela Heesen, principal autora do estudo e pesquisadora pós-doutorado da Universidade Durham. “Isso inclui todas as interações conjuntas – por exemplo, coisas menores como almoçar com amigos; ou maiores, como projetos em grupo”.

Em outras palavras: chimpanzés que dizem “oi” ou “tchau” não estão apenas sendo educados entre si, mas cumprindo um papel social mútuo, compartilhando daquilo que Heesen chamou de “sensação de obrigação comum”. A grosso modo, entre humanos, é a mesma coisa quando alguém lhe diz “oi”, e você responde “oi” de volta por se sentir compelido a isso.

“É como se fosse a ‘cola’ do nosso sucesso enquanto espécie, e esse fundamento também é presente em bonobos e chimpanzés”, disse a cientista.

A proposta do estudo estabelece que compromissos sociais conjuntos não são desencadeados apenas pela sensação de obrigação, mas também estabelecem consenso e permissão – e o cumprimento disso. Por exemplo, chimpanzés costumeiramente sinalizam com as mãos quando pretendem abordar um parceiro para caçar piolhos ou chamá-lo para brincar. Em termos resumidos: além de uma forma de cumprimentar o indivíduo, essa sinalização também remete à permissão – quem sinaliza pede para se aproximar e tocar, e recebe de volta um sinal dando essa abertura.

“Antes, pensávamos que a humana era a única espécie animal que coordenava essas frases de entrada e saída de interações sociais”, disse Heesen. Ainda não havia sido sistematicamente estudada a ideia de que outras espécies também ‘pedem para sair’ assim como nós. Sabemos que outros animais iniciam interações sociais, então a ‘entrada’ é comum”.

Especialistas no tratamento de primatas em zoológicos argumentaram que já sabiam dessa conexão entre os animais há algum tempo, porém o estudo os ajudou a entender melhor as dinâmicas sociais entre eles.

“Desde que vimos pela primeira vez esses animais no habitat natural, ficou óbvio que essas espécies se cumprimentam; entretanto, agora que um melhor estudo vem sendo conduzido, comportamentos mais sutis começaram a ser notados por cientistas”, disse Claire Redfern, tratadora e especialista em bonobos do zoológico de Twycross, no Reino Unido. “O comportamento dos bonobos tendem a ser bem mais sutis que o dos chimpanzés, cujos gestos são mais óbvios, então alguns movimentos menores podem facilmente passar despercebidos por acontecerem muito rápido”.

Segundo ela, outros gestos são mais simples de ver: “os que mais notamos são grupos de bonobos com as mãos dadas ou ‘apresentando’ partes do corpo. Há também o contato visual- manter o olhar fixo também é extremamente importante no comportamento dos bonobos pois, assim como em humanos, o ‘olho no olho’ ajuda a formar um laço mais forte com o outro indivíduo”.

Heesen disse que sua equipe agora deve se aprofundar nesse estudo, a fim de determinar a origem dessas interações sociais mais aprofundadas.

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