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Amazônia Internacional não foi poupada da devastação causada pelos incêndios

Amazônia Internacional não foi poupada da devastação causada pelos incêndios

Carlos Nobre diz que estão preservados dos estragos apenas três países dos nove que compõem a Amazônia Internacional

Levantamento do Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP) mostra que a  Amazônia Internacional perdeu 3,8 milhões de hectares de floresta em 2023, 65% deles apenas no Brasil – foi o ano mais devastador das últimas duas décadas. A perda foi equivalente a 190 vezes o tamanho da cidade de Buenos Aires. Países como Bolívia, Colômbia, Equador e Peru  também perderam parte da sua mata virgem.

A Amazônia Internacional corresponde a uma área ao norte da América do Sul, que abrange nove países: Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.  Apesar dessa imensa área, aproximadamente 60% da Amazônia fica em território brasileiro.

O ano de 2024 é, até agora, o de maior emissão de gases estufa por culpa dos incêndios florestais no Brasil desde 2005. Os dados são do observatório espacial europeu Copernicus. O acúmulo desses gases na atmosfera é um dos principais motores do aquecimento global e, no Brasil, as queimadas estão entre as maiores fontes de emissões, ao lado do desmatamento.

O cientista da área climática Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP e copresidente do painel científico para a Amazônia, explica que, dos nove países que compõem a Amazônia internacional, apenas três estão preservados: Guiana Francesa, Guiana, Suriname e parte da Venezuela. Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelaram que, em setembro, a fumaça das queimadas na Amazônia atingia também a Bolívia.

Carlos Nobre – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Previsão assustadora

O Acordo de Paris foi assinado por 196 países com o objetivo de conter o aumento do aquecimento global, não podendo passar de 1,5° em 2021. Para isso, seria necessária a redução de 50% nas emissões globais, aí a meta seria alcançada, mas não é o que está acontecendo. Pesquisadores se debruçam em cima de gráficos, livros e pesquisas para entender o que aconteceu em um prazo tão curto de tempo. A previsão para o futuro do mundo é assustadora, caso nada seja feito.

A COP 30 deve ser uma das mais importantes de todas as edições, a fim de que todos os países foquem na aceleração para conter o aquecimento global do planeta. O Brasil pode estar até 2035 com 1 milhão de quilômetros quadrados de todos os biomas restaurados e recuperados, e não só a Amazônia, mas também Pantanal, Cerrado e pampas. Essa é a meta da COP 30.

Segundo o MAAP (Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina), a área desmatada durante 2020 no Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela é 17% maior que a relatada no ano anterior e equivalente à área do Estado de Sergipe. “A partir das imagens de satélite observadas, as áreas devastadas no Brasil, concentradas no sul do território amazônico, foram primeiro desmatadas e depois queimadas, causando grandes incêndios, principalmente devido a uma prática aparentemente ligada à expansão da pecuária extensiva na região”, avalia Carlos Nobre.