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Alta temperatura do oceano provocou eventos climáticos extremos em 2023

Alta temperatura do oceano provocou eventos climáticos extremos em 2023

O ano de 2023 foi o mais quente da Terra nos últimos 100 mil anos, segundo relatório do observatório europeu Copernicus. Parte da elevação da temperatura nos termômetros está diretamente relacionada com o aquecimento da superfície dos oceanos, o que contribuiu para a ocorrência de tantos eventos climáticos extremos, como tempestades, ondas de calor, inundações e secas. Inclusive, o Brasil foi afetado por estes fenômenos.

A importância da alta temperatura dos oceanos nesta equação que afetou inúmeros países foi destacada por um novo estudo, divulgado na última quinta-feira (11) na revista Advances in Atmospheric Sciences. Nas águas, os termômetros também bateram recordes.

Segundo a equipe internacional de cientistas, que envolveu desde pesquisadores da China até os EUA, passando pela Itália e Nova Zelândia, as temperaturas médias dos oceanos não param de subir, ano após ano, desde os anos 2000, alcançando um pico no ano passado.

Aquecimento dos oceanos em 2023

No estudo, os pesquisadores compartilham dados sobre a elevação das temperaturas médias do oceano coletados e analisados a partir de duas instituições diferentes: o Instituto de Física Atmosférica (IAP) da Academia Chinesa de Ciências (CAS) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos EUA.

Com base nas medições de temperatura do IAP, os oceanos aqueceram cerca de 15 zettajoules em relação a 2022 — em termos práticos, isso é energia suficiente para ferver 2,3 bilhões de piscinas olímpicas, com 50 m de comprimento. Agora, conforme aponta a NOAA, o aquecimento foi menor, ficando em 9 zettajoules.

Embora o resultado final seja diferente, ambos os levantamentos apontam para o inquestionável aumento das temperaturas nos oceanos, o que tem implicações diretas na vida de milhões de humanos.

Temperaturas cada vez mais elevadas

Para entender como os oceanos estão respondendo ao aquecimento global e às mudanças climáticas, vale observar os dois seguintes gráficos, sendo que o primeiro foi elaborado com dados do IAP e o segundo com as informações da NOAA:

Tmeperatua média do oceano bate recorde em 2023, favorecendo eventos extremos (Imagem: Cheng et al., 2024/Advances in Atmospheric Sciences)
Tmeperatua média do oceano bate recorde em 2023, favorecendo eventos extremos (Imagem: Cheng et al., 2024/Advances in Atmospheric Sciences)

Os dados apontam para o processo, quase linear, de elevação das temperaturas nas águas do oceano, em um movimento que começa nos anos 1960 e vai até 2023.

As causas do aquecimento dos mares

Para os especialistas no clima, o aumento das temperaturas das águas oceânicas é causado tanto pelo aquecimento global de longo prazo — aquele causado pela emissão de gases estufa, associada com a ação humana — quanto pelas flutuações de curto prazo associadas com o fenômeno natural El Niño (concentrado no Oceano Pacífico). Em consequência, isso modifica os padrões climáticos em todo o mundo.

E os eventos climáticos extremos?

Vale mencionar que os oceanos cobrem 70% do planeta e absorvem 90% do calor proveniente do aquecimento global. Nessas circunstâncias, qualquer alteração que afete o seu equilíbrio é potencialmente problemática.

Como foi observado em 2023, um oceano mais quente sobrecarrega o clima. Isso porque o excesso de calor e de umidade afeta a atmosfera, provocando chuvas mais intensas, tempestades e inundações. No extremo, também contribui com secas e ondas de calor. Como resultado, milhões de pessoas ficam desprotegidas ou são diretamente afetadas, além dos prejuízos financeiros.