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Ação climática é essencial para frear incêndios e inundações, afirma vice-chefe da ONU

Ação climática é essencial para frear incêndios e inundações, afirma vice-chefe da ONU
  • “Todo o planeta está atravessando uma temporada de incêndios e inundações, que prejudica, principalmente, populações frágeis e vulneráveis nos países ricos e pobres”, relatou a vice-chefe da ONU em uma reunião de alto nível sobre ação climática.
  • Amina Mohammed falou no Diálogo sobre Soluções de Aceleração de Adaptação para as Mudanças Climáticas. Em seu discurso, ela ressaltou os efeitos já sentidos das mudanças climáticas e destacou a necessidade urgente de se investir em adaptação.
  • Segundo o secretário-geral da ONU, 50% do financiamento público total do clima deveria ser alocado para adaptação e resiliência. No entanto, atualmente apenas 21% dos recursos são destinados para essas áreas.
  • Amina Mohammed defendeu ainda a importância de restringir o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais para frear efeitos ainda mais devastadores do clima, conforme pactuado no Acordo de Paris.

Com eventos climáticos extremos se intensificando em todo o mundo, a vice-secretária-geral, Amina Mohammed usou seu discurso para o Diálogo sobre Soluções de Aceleração de Adaptação para as Mudanças Climáticas para ressaltar os efeitos já presentes das mudanças climáticas e destacar a necessidade de os países investirem agora em adaptação. Além disso, ela defendeu a importância de restringir o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, conforme pactuado no Acordo de Paris.

“Todo o planeta está atravessando uma temporada de incêndios e inundações, que prejudica, principalmente, populações frágeis e vulneráveis nos países ricos e pobres”, relatou Mohammed em uma reunião de alto nível sobre ação climática.

O evento antecede a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26), que ocorrerá em Glasgow, na Escócia, em novembro. Em sua fala, a vice-secretária-geral observou os impactos já visíveis com o aumento de 1,2 grau.

“Países e populações no mundo todo – particularmente aqueles mais vulneráveis e menos responsáveis pela crise climática – viverão consequências ainda mais devastadoras”, destacou.

“Os efeitos irão se reverberar por entre as economias, comunidades e ecossistemas, apagando ganhos de desenvolvimento, agravando a pobreza, aumentando a migração e exacerbando as tensões”, continuou.

Justiça climática – Mohammed acredita que o mundo pode ainda reduzir o aquecimento global para dentro da meta de 1,5 grau, desde que sejam dados “passos ousados e decisivos” rumo a uma economia global de emissão líquida zero de carbono até 2050.

“Atuar agora é uma questão de justiça climática. E temos as soluções”, afirmou.

Embora um investimento em grande escala em adaptação e resiliência seja “essencial” para aqueles que estão na linha de frente da crise climática, até o momento, somente 21% do financiamento climático é transferido para esforços de adaptação.

“Dos 70 bilhões de dólares que os países em desenvolvimento necessitam, agora, para se adaptar, somente uma fração está sendo provida”, afirmou a vice-chefe da ONU, acrescentando que os custos de adaptação para o mundo em desenvolvimento podem chegar a 300 bilhões de dólares por ano até 2030.

Fechando o portão – Além de ser um imperativo moral, há também uma questão econômica para investimentos iniciais em adaptação e construção de resiliência. “Vidas serão salvas e meios de subsistência protegidos”, afirmou.

Pensando nisso, o secretário-geral da ONU solicitou aos doadores e bancos multilaterais de desenvolvimento para alocar 50% do financiamento público total do clima para adaptação e resiliência. Ainda assim, os países que necessitam deste auxílio continuam a enfrentar sérios desafios para acessar o financiamento climático.

Mohammad enfatizou a importância de simplificar as regras e facilitar o acesso para os países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e outras nações vulneráveis, e para acelerar iniciativas, como o Programa de Aceleração da Adaptação Africano desenvolvido entre o Centro Global de Adaptação e o Banco Africano de Desenvolvimento. O Programa tem o potencial de entregar resultados rápidos e transformadores que protegem vidas e meios de subsistência. Além disso, irá engajar ações de resiliência climática para lidar com os impactos da COVID-19, as mudanças climáticas e a economia. “Acolho este auxílio tão necessário para o povo da África”, disse.

Solidariedade climática – A menos de 60 dias da COP26, a vice-chefe da ONU instou os participantes a “agirem agora com coragem pelas pessoas e pelo planeta, antes que seja tarde demais”.

“Devemos responder à crise climática com solidariedade. A adaptação não pode mais ser a metade descuidada da equação climática”, concluiu.