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Árvores sem frutos condenam animais silvestres à fome em meio à seca no Pantanal

Árvores sem frutos condenam animais silvestres à fome em meio à seca no Pantanal

A vegetação e os animais silvestres padecem não só por conta da estiagem, mas também pela ocorrência de queimadas

Depois de terem sobrevivido às queimadas que devastaram o Pantanal, os animais silvestres agora lutam para sobreviver em meio à escassez de alimento causada pela seca. Com a escassez de chuva, as árvores não têm produzido frutos e, com isso, muitos animais passam fome e são forçados a migrar em busca de comida.

Proprietária da Pousada Rio Mutum, em Barão de Melgaço, no Mato Grosso, Alice Galvão do Nascimento presencia o sofrimento dos animais. “Em 2020, o fogo no Pantanal acabou com a comida dos animais. Este ano, as árvores até ficaram verdes de novo, mas o fruto, a comida, não tem, faltou água com essa seca”, lamentou.

Na área verde da pousada, mangueiras não produziram fruto. Para contornar o problema, Alice passou a arrecadar doações de frutas e legumes para alimentar os animais silvestres que vivem na região e também os que estão abrigados em recintos criados em um espaço da pousada onde funciona um projeto de recuperação voltado à preservação e soltura de animais resgatados.

À reportagem do jornal O Eco, Alice relatou que funcionários da pousada transitam pela região a bordo de barcos ou dirigindo carros para espalhar os alimentos em pontos estratégicos em meio à mata que permeia a pousada. “A gente faz o que pode, mas não é o suficiente. Quando a gente chega já não tem nem resto de comida”, lamentou.

Jacarés mortos no Pantanal (Foto: Philipp Lichterbeck/DW)

No entanto, embora o trabalho voluntário realizado pela pousada não seja suficiente, a distribuição de alimentos ao menos ameniza o sofrimento dos animais que têm acesso aos pontos onde as frutas e verduras são disponibilizadas. O mesmo não acontece na Transpantaneira, região do Pantanal de Mato Grosso na qual não se vê alimentos ou áreas verdes prosperando, mas apenas seca, queimadas e sofrimento.

Empenhados no combate ao fogo, brigadistas se dedicam há semanas para por fim às chamas. Eles também se desdobram para salvar animais silvestres vitimados pelas queimadas, inclusive no Parque Encontro das Águas, que abriga o maior número de onças-pintadas do mundo e que em 2020 teve mais de 80% do seu território queimado.

Mas todo o esforço dos bombeiros e de voluntários, incluindo ativistas da causa animal e veterinários, ainda não é capaz de proteger a fauna e a flora, que padecem no Pantanal.