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Desmatamento cai 21% no Cerrado e sobe 4% na Amazônia

Desmatamento cai 21% no Cerrado e sobe 4% na Amazônia

Apesar de alta, área sob alertas de desmatamento na Amazônia (4.495 km²) é a segunda menor da série histórica

A área sob alertas de desmatamento na Amazônia teve alta de 4% em 2025 (de agosto de 2024 a julho de 2025) em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do sistema Deter, do Inpe, divulgados nesta quinta-feira (7). Foram derrubados 4.495 km², área equivalente a três cidades de São Paulo. É o segundo resultado mais baixo da série histórica iniciada em 2016, só perdendo para 2024.

Com a seca extrema e o recorde de área queimada no ano passado, a quase estabilização do desmatamento interrompe o ciclo de queda registrado desde 2023, mas não pode ser considerada uma má notícia, informa o Observatório do Clima.

Já no Cerrado houve redução de 21% nos alertas de desmatamento nos mesmos 12 meses. O resultado (5.555 km²) reverteu tendência de alta registrada desde 2021 no bioma, mas a área derrubada continua superando o total na Amazônia. No Pantanal o desmatamento caiu 72% (319 km²) no mesmo período. Os dados foram apresentados pelo coordenador do programa de monitoramento do Inpe, Cláudio Almeida, e pela ministra Marina Silva e equipe no auditório do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

brigada do Quilombo Kalunga
Brigada de incêndio da Prevfogo composta com membros da comunidade quilombola Kalunga, durante simulação de combate ao fogo no cerrado no Engenho II, em Cavalcante (GO). Foto: Joédson Alves | Agência Brasil

O resultado do Deter é um indicativo de tendência da taxa anual de desmatamento, que deverá ser divulgada até novembro. Ela é medida sempre de agosto a julho por outro sistema do Inpe, o Prodes, que usa imagens de satélites mais precisas que as do Deter. Este sistema emite alertas diários para apoiar a fiscalização em campo realizada por agentes do Ibama e do ICMBio.

Na divisão por Estados, os dados do Deter na Amazônia apontam queda de 21% no Pará, com 1.325 km² nos últimos 12 meses – é o resultado mais baixo da série histórica, apesar da campanha do governador Helder Barbalho (MDB) contra as ações de fiscalização do Ibama.

Em maio, o anfitrião da COP30 acionou o Palácio do Planalto para tentar reverter embargos do órgão ambiental no que chamou de “áreas produtivas do Pará”. O Ibama havia embargado mais de 70 mil hectares em 5 mil fazendas na Amazônia com o objetivo de conter o aumento do desmatamento ocorrido em abril. A ação é apontada como fundamental para a reversão ocorrida em junho e julho, após alta de 91% dos alertas de desmatamento em maio.

“O embargo remoto é uma das estratégias do Ibama para conter os danos ambientais e impedir que infratores obtenham vantagem, financiando e comercializando a produção de áreas desmatadas ilegalmente”, disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt.

Amazônia
Amazônia. Foto: Thiago Borazanian

Já em Mato Grosso, onde o uso do correntão para o desmatamento ainda é permitido, houve alta recorde de 74% da derrubada. Com 1.636 km² registrados nos últimos 12 meses, o Estado governado por Mauro Mendes (União) ultrapassou o Pará como líder do desmatamento na Amazônia. No Amazonas houve alta de 3% (814 km²) e em Rondônia, queda de 35% (194 km²).

“O Ibama agiu e conteve o risco de termos um número ainda maior de desmatamento, o que seria um desastre, principalmente em ano de COP no Brasil. Mas a derrubada da Amazônia continua ocorrendo em patamares inaceitáveis, levando a floresta a um ponto de colapso. O Brasil pode e deve alcançar desmatamento zero, apesar das muitas forças que sabotam esse objetivo e a agenda ambiental, no Congresso ou no próprio governo”, disse o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

Com o desmonte do licenciamento ambiental aprovado pelo Congresso, a situação poderá sair do controle, com aumento da devastação e da impunidade no país. Estradas na Amazônia, como a BR-319, forte vetor de desmate, podem ser até dispensadas de licença caso o projeto não seja vetado pelo presidente Lula – o prazo é até amanhã (8/8).

PL da Devastação
De Norte a Sul do país, centenas de pessoas se mobilizaram pra dizer NÃO ao Projeto de Lei 2.159/2021 – que fragiliza radicalmente o Licenciamento Ambiental brasileiro e escancara a porteira para o desmatamento, para a poluição de rios e para tragédias. Foto: André Cavalcante | Greenpeace

Em 2024, primeiro resultado do Deter com números só do governo Lula 3, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia havia caído 45%. Foi a maior queda proporcional e a menor área da série histórica iniciada em 2016.