Anchor Deezer Spotify

5 maneiras de acabar com carrapatos em cachorros

5 maneiras de acabar com carrapatos em cachorros

Esqueça os remédios e receitas caseiras e aposte na expertise dos veterinários, tratamento ambiental, antiparasitários e demais produtos disponíveis do mercado contra carrapatos

Quem é tutor de cachorro sabe que uma das maiores e mais rotineiras preocupações com a saúde do bicho está na possibilidade de hospedagem parasitas, como carrapatos.

Na intenção de eliminá-los, muitas pessoas acabam adotando ineficazes e inseguras, por isso o Vida de Bicho conversou com três especialistas para entender quais são as maneiras corretas de se acabar com carrapatos em cachorros.

Como acabar com carrapatos em cães?

O ideal é que, antes de qualquer coisa, o tutor busque auxílio do médico-veterinário do bicho para avaliação do caso e melhor orientação. Contudo algumas das soluções mais comuns contra carrapatos são as seguintes:

1. Medicamentos antiparasitários

Segundo a médica-veterinária Pollyanna Moura, pós-graduada em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, exterminar de vez os carrapatos pode ser uma tarefa bastante difícil.

“Geralmente se recorre a medicamentos antiparasitários, que são para matar os carrapatos. Porém quando perdem a eficácia, a infestação pode voltar a se repetir. E, mesmo com o uso de antiparasitários, os animais podem adquirir as doenças transmitidas pela picada do carrapato, uma vez que o mesmo pode, antes de morrer, parasitar e picar o indivíduo”, explica.

2. Remoção manual

Uma das maneiras de lidar com uma infestação pequena de carrapatos é removendo-os manualmente do pelo do cachorro — Foto: Flickr/ Ivan Radic/ CreativeCommons

Uma das maneiras de lidar com uma infestação pequena de carrapatos é removendo-os manualmente do pelo do cachorro — Foto: Flickr/ Ivan Radic/ CreativeCommons

Quando há poucos parasitas fixados no animal, a remoção manual é uma maneira rápida de eliminá-los. É o que orienta Filipe Dantas Torres, médico-veterinário doutor em ciências e especialista em parasitologia veterinária.

3. Utilize produtos contra carrapatos disponíveis no mercado

Hoje em dia, há no mercado pet produtos como pipetas, sprays, coleiras e xampus, entre outros, que podem ser utilizados na eliminação dos parasitas.

“Alguns deles não apenas matam os carrapatos, mas ajudam a prevenir futuras infestações devido a seu efeito repelente”, diz Filipe.

Se optar por usar algum destes produtos, é importante que o tutor verifique o tempo de duração de cada um, visto que cada fabricante usa diferentes moléculas e isso varia conforme a formulação.

4. Tratamento ambiental

Ao detectar a presença de muitos carrapatos no ambiente — nas paredes, sobre os móveis ou no canil — vale também iniciar um tratamento ambiental, como a dedetização, para eliminar os parasitas. Este deve ser recomendado pelo médico-veterinário ou empresa de controle de pragas.

“Isso é muito importante, pois alguns produtos utilizados no ambiente podem ser tóxicos para os cães e seus tutores. Da mesma forma, não se deve utilizar produtos registrados para cães em outros animais, como os gatos, por questões de segurança”, diz o médico-veterinário.

5. Inspeção do pet pós-passeio

É comum que cães contraiam carrapatos em passeios em parques, praças ou praias, principalmente durante o verão, quando a sua proliferação é maior — Foto: Unsplash/ Christian Lambert/ CreativeCommons

É comum que cães contraiam carrapatos em passeios em parques, praças ou praias, principalmente durante o verão, quando a sua proliferação é maior — Foto: Unsplash/ Christian Lambert/ CreativeCommons

A médica-veterinária Anaelise Turquetti, mestre em ciências, sugere ainda checar o pet após cada passeio e verificar se existem carrapatos no animal.

“Eles devem ser cuidadosamente removidos e o tratamento acaricida deve ser instituído. Caso exista mais de um pet em casa, deve-se aplicar o manejo preventivo em todos”, diz.

Remédios caseiros para carrapatos são eficazes?

Alguns tutores apostam na aplicação de remédios caseiros contra carrapatos, como soluções com sal, bicarbonato ou vinagre. Os especialistas, porém, afirmam que estas medidas não são apenas ineficazes, como também possivelmente danosas à saúde do bicho.

“Essas ‘receitas’ caseiras são mitos que muitas vezes são proliferados sem nenhuma comprovação científica. Muitas delas podem causar outros riscos à saúde do animal, portanto o ideal é que, ao primeiro sinal de carrapato no seu pet, ele seja levado ao veterinário para que o tutor possa ser instruído corretamente sobre o que deverá fazer”, diz Pollyanna.

A exceção fica por conta de óleos essenciais ou extratos de determinadas plantas que possuem efeito repelente em carrapatos e que vêm sendo objetos de pesquisas científicas.

“Porém a maioria desses estudos são realizados em condições laboratoriais e os resultados não podem ser extrapolados. Antes de usar qualquer produto (caseiro ou não), é fundamental consultar um médico-veterinário. De modo geral, o uso de formulações caseiras sem comprovação científica deve ser evitado”, finaliza Filipe.

Onde vivem os carrapatos

Para entender como se comportam os carrapatos, é importante saber que eles habitam os mais diversos tipos de ambientes.

“Alguns preferem as áreas urbanas (por exemplo, o carrapato marrom do cão), ao passo que outros são encontrados quase que exclusivamente em ambientes rurais ou de mata”, explica Filipe.

O carrapato marrom do cão está presente em ambientes urbanos, enquanto os demais estão quase exclusivamente em áreas rurais ou de mata — Foto: Pexels/ RODNAE Productions/ CreativeCommons

O carrapato marrom do cão está presente em ambientes urbanos, enquanto os demais estão quase exclusivamente em áreas rurais ou de mata — Foto: Pexels/ RODNAE Productions/ CreativeCommons

Em áreas externas, a maioria deles preferirá locais com plantas, grama, terra ou areia, ou mesmo espaços com animais de grande porte, como vacas e cavalos.

“Em casa, os locais de predileção são sofás, tapetes, colchões e estofados em geral. Nesses móveis, eles aproveitam para se alojarem e se esconderem, dando maior chance de contato com os pets e até mesmo com as pessoas”, diz Anaelise.

O carrapato marrom do cão, espécie predominante em áreas urbanas, está presente durante o ano inteiro. Mas, em algumas regiões, eles se tornam mais numerosos durante os períodos mais quentes — motivo pelo qual vale estar atento durante o verão.

Inclusive, o seu período de reprodução acontece justamente nessa estação. Por isso, é bem comum que a proliferação aconteça em ambientes internos da casa ou em áreas externas, como jardins, estando eles escondidos em madeiras e outros espaços de difícil acesso.

“Já outros carrapatos apresentam uma dinâmica populacional diferente, onde cada fase do desenvolvimento pode ser mais ou menos abundante durante determinadas estações do ano”, diz Filipe.

O que os carrapatos podem causar?

O carrapato é visto como um vilão por sua capacidade de provocar feridas na pele e perda de sangue, além da transmissão de doenças aos homens e animais através da picada, inclusive as zoonoses.

Nos animais, estes ectoparasitas podem transmitir babesiose, erliquiose, anaplasmose e doença de Lyme.

Os ectoparasitas podem transmitir babesiose, erliquiose, anaplasmose e doença de Lyme para os pets. Em humanos, podem atuar como transmissores da febre maculosa — Foto: Flickr/ Aiko, Thomas & Juliette+Isaac/ CreativeCommons

Os ectoparasitas podem transmitir babesiose, erliquiose, anaplasmose e doença de Lyme para os pets. Em humanos, podem atuar como transmissores da febre maculosa — Foto: Flickr/ Aiko, Thomas & Juliette+Isaac/ CreativeCommons

Embora eles também possam parasitar os tutores e transmitir doenças como a febre maculosa, esta é uma situação relativamente incomum em áreas urbanas. A maioria dos casos da doença ocorrem nos meses de junho a novembro, o que coincide com a maior abundância das ninfas do carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da doença.

Quando há um nível de infestação ambiental muito alto, esse carrapato pode ser visto subindo pelas paredes das casas, nos móveis e eventualmente sobre as roupas e pele dos tutores.

“Em alguns casos, ele pode se fixar e se alimentar no tutor, mas é uma situação incomum, pois ele apresenta uma forte preferência pelos cães”, diz Filipe.

Em áreas rurais e de mata, o perigo é maior e os pets e tutores que visitam estes locais podem se infectar com agentes de doenças, como o causador da febre maculosa, por exemplo.

O risco varia de região para região e vários outros fatores, incluindo a espécie de carrapato encontrada — pois nem todos são transmissores — e a duração da fixação do carrapato na pele.

“No Brasil, as espécies mais comuns que afetam os cães são Amblyomma cajennense, também conhecido como carrapato-estrela; e o Rhipicephalus sanguineus, conhecido como carrapato marrom ou vermelho dos cães”, diz Anaelise.