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5 coisas que você precisa fazer antes de adotar um cachorro

5 coisas que você precisa fazer antes de adotar um cachorro

Por ser um momento sensível e único, a chegada do peludo deve envolver uma série de cuidados

A chegada de um cachorro ao lar é um momento que traz, além de muita alegria, uma necessidade de reestruturação na rotina familiar.

Afinal, as novidades não são exclusivas ao novo membro do grupo: os peludos requerem uma série de cuidados e mudanças que devem ser considerados no dia a dia do tutor, a fim de garantir o encaixe do pet dentro dessa dinâmica. Assim, para que o bicho se sinta confortável, adaptações como momentos designados para brincadeiras e petiscos, proteção contra riscos do espaço e enriquecimento ambiental são essenciais.

“Cada cão tem uma personalidade, especificidades anatômicas e preferências. Consequentemente, eles têm demandas físicas e ambientais diferentes também”, explica o médico-veterinário da UFMG Lucas Belchior.

Mas apesar de “não existir receita de bolo” quando pensamos em bem-estar animal, especialistas apontam algumas considerações que devem ser feitas antes de adotar um amigo canino.

1. Assumir a responsabilidade como tutor

Para Bruna Stafoche, médica-veterinária e docente da Universidade Anhembi Morumbi, uma das principais coisas que o tutor deve pensar antes da adoção é a responsabilidade que um cão requer.

“Ele alegra a nossa vida e é um membro da família de outra espécie, mas precisa de muitos cuidados e exige tempo e condições financeiras para a sua manutenção”, argumenta a profissional.

Adotar um cachorro pode trazer muita felicidade à família - e muitos gastos (Foto: Pexels/ Julia Volk/ CreativeCommons)
Adotar um cachorro pode trazer muita felicidade à família – e muitos gastos (Foto: Pexels/ Julia Volk/ CreativeCommons)

Entre as demandas do peludo estão vacinas, alimentos de boa qualidade, banhos e horas de muito amor e atenção. Tudo isso, é claro, na saúde e na doença: o responsável deve estar ciente das obrigações que vêm quando o pet está enfermo, que, entre atendimentos e tratamentos, podem levar a diversos gastos para o humano.

Além disso, segundo o adestrador e consultor comportamental Tiago Mesquita, o que todo tutor tem que trazer qualquer pet para dentro de casa é buscar conhecimento. “Fazer uma consulta comportamental antes da chegada do novo integrante pode ajudar para que a harmonia se mantenha no novo lar”, conclui.

2. Preparar o ambiente para chegada

Um espaço calmo e silencioso é sinônimo de segurança para os cachorros. Assim, o preparo de um cantinho para descansos que conte com sombra, abrigo do frio e calor e objetos com o cheiro do bicho deve ser prioridade.

E, segundo Lucas, “o ambiente deve garantir conforto, mas também oferecer oportunidades de escolha para o animal”. Desse modo, fornecer uma variedade de opções de locais e brinquedos é parte dos cuidados, assim como a disponibilização de bebedouros com água fresca e comedouros limpos.

Um lar à prova de riscos — como o indicado para crianças — é recomendado para os peludos. O responsável pelo bicho deve se atentar a tomadas, fontes de energia e locais pontiagudos. Verificar se medicamentos, produtos químicos e plantas tóxicas não estão em locais de fácil acesso pode prevenir acidentes, acrescenta Tiago.

Caminhas, toalhas, objetos com cheiro do cão e potes de água são indicados para o cantinho do peludo (Foto: Unsplash/ Viktoria B./ CreativeCommons)
Caminhas, toalhas, objetos com cheiro do cão e potes de água são indicados para o cantinho do peludo (Foto: Pexels/ Viktoria B./ CreativeCommons)

Esses animais também são conhecidos por gostarem muito de separar as coisas — ou seja, o banheiro do pet não pode ser no mesmo local que ele come e se entretém. Dessa maneira, Lucas indica a importância de “uma área afastada, arejada e rotineiramente limpa para que o cão possa defecar e urinar, sem que esses comportamentos interfiram na sua alimentação e descanso.”

“A introdução à casa deve ser gradual, principalmente para os filhotes que estão em fase de aprendizado”, complementa Bruna. “Limitar o acesso do animal a um ou dois cômodos ajuda principalmente na assimilação do ‘banheiro’ do pet.”

3. Cuidado na adaptação e suporte emocional

Nos primeiros dias, é comum que os animais tenham reações emocionais mais intensas. Entre as posturas que devem ser esperadas estão latidos, choros e momentos de reclusão.

Especialmente entre os adotados, a forma de interação é muito dependente de seu histórico e vivências. “Filhotes tendem a se adaptar rápido e dentro de alguns dias já devem estar brincando”, explica Bruna. “Cães adultos, porém, requerem um pouco mais de paciência, mas com carinho e cuidado todos podem se adaptar e ter uma vida harmoniosa.”

Tiago comenta que alguns dos “crescidos” podem vir com hábitos próprios. Nesses casos, é primordial conhecer o cão de forma responsável: “alguns comportamentos podem não ser aprendidos, mas são genéticos e da raça, como agressividade, medo ou agitação. É sempre bom frisar que, nos cães SRD, esses traços são revelados após semanas em sua companhia”.

4. Focar nas interações e brincadeiras

Passar tempo com os cães também é um meio de promover a sua saúde mental.

“É muito importante entretê-los com brincadeiras e enriquecimento ambiental para que eles sejam animais ativos e saudáveis”, relembra Bruna. Os passeios diários, inclusive, são uma maneira de o animal gastar toda a energia necessária, porém são indicados apenas após 20 dias da conclusão do protocolo vacinal.

Tempo de qualidade pode ajudar a aprofundar o laço entre pet e tutor (Foto: Unsplash/ CreativeCommons)
Tempo de qualidade pode ajudar a aprofundar o laço entre pet e humano (Foto: Unsplash/ CreativeCommons)

Garantir oportunidades para os cães se expressarem incentiva uma relação saudável com pessoas e outros peludos. Para Lucas, entender essa linguagem canina consta, inclusive, como um suporte a mais para o amigo de quatro patas.

Explorar, morder, cavar, buscar contato social, latir e marcar território são comportamentos que têm significados relevantes para a espécie, de acordo com Lucas. E, portanto, “nesse contexto, o mais importante é dar oportunidades adequadas e reforçar comportamentos considerados saudáveis para a relação com cada família”.

5. Priorizar a saúde física

Em termos de saúde física, é responsabilidade do humano se atentar a cuidados preventivos, como vacinação e vermifugação, além de curativos, em caso de quadros de lesões e doenças.

Os aspectos nutricionais também estão atrelados a esse bem-estar, e, assim, ter água potável e fresca e uma dieta adequada para o perfil de cada indivíduo são cuidados básicos para garantir uma vida feliz ao animal.

“O fator de decisão para escolha da melhor dieta irá depender de vários fatores, como faixa etária, condições de saúde, disponibilidade de tempo e investimento financeiro”, observa Lucas.

Manter a vacinação e vermifugação em dia devem ser prioridades do tutor (Foto: Unsplash/ CreativeCommons)
Manter a vacinação e vermifugação em dia devem ser prioridades do tutor (Foto: Unsplash/ CreativeCommons)

E não podemos esquecer dos petiscos, famosos até entre os humanos. Eles podem entrar na comilança desses pets, tanto como forma de interação, como durante os treinos, sempre com moderação para evitar o sobrepeso.

Porém Bruna compartilha uma dica mais valiosa: “muitas vezes o petisco é uma forma de demonstração de amor, mas um passeio ou uma atividade de brincadeira traria um sentimento muito similar para o animal, de alegria, amor, afeto, conexão”, enfatiza.

Afinal, isso resume bem o que é o mais importante na hora de adotar um cachorro: o esforço, que aproxima e fortalece ainda mais os laços com o pet.