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Vírus de morcegos no Camboja tem semelhança de 92,6% com o SARS-CoV-2

Vírus de morcegos no Camboja tem semelhança de 92,6% com o SARS-CoV-2

A origem da pandemia causada pelo coronavírus ainda é desconhecida, mas a teoria mais defendida é que o hospedeiro natural do SARS-CoV-2 seja um animal. Agora, em um novo artigo publicado na Nature Communications, pesquisadores mostram a descoberta de um vírus 92,6% semelhante ao que causa covid-19, presente morcegos-ferradura Shamel (Rhinolophus shameli).

Analisando cerca de 430 amostras referentes a seis famílias de morcegos e duas famílias de mamíferos carnívoros, a equipe encontrou semelhança com o coronavírus atual, nas evidências datadas de 2010, coletadas de dois morcegos no Camboja, país asiático. A única diferença, porém, estava na região da proteína spike (S) — característica principal do vírus de infectar as células humanas.

A detecção mais recente dos ancestrais parecidos com o coronavírus até o momento foram vistas nos mamíferos que vivem em cavernas no Laos. A pesquisa indica que os micro-organismos relacionados à covid-19 têm uma distribuição geográfica muito mais ampla do que a relatada anteriormente — provavelmente, eles circulam por meio de várias espécies de Rhinolophus.

Em ambos casos, os pesquisadores defendem a hipótese de que a pandemia tenha se originado por meio do transbordamento de um vírus transmitido por morcegos.

Essas não foram as únicas vezes que cientistas encontraram semelhança com o coronavírus atual. Em 2020, foram detectados em grupos de pangolins alguns vírus da sublinhagem SARS-CoV-2. Destes, um se mostrou altamente semelhante com o da covid-19, principalmente no que diz respeito à proteína de ligação ao receptor. Os animais foram apreendidos durante operações de combate ao contrabando no sudeste da China.

Novo vírus tem 92,6% de semelhança com o coronavírus (Foto: Streicker/CDC)

Vigilância necessária

De acordo com o estudo, o sudeste da Ásia está sofrendo uma drástica mudança do uso do solo, principalmente devido ao desenvolvimento urbano e à expansão agrícola, o que pode aumentar os contatos entre morcegos, outros animais selvagens, domésticos e humanos.

Por esse motivo, os pesquisadores apontam que mais esforços de vigilância na região são necessários, já que algumas espécies de animais são “prontamente suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2 — sendo hospedeiras intermediárias para transmissão a humanos”, escreveram.

Segundo Lucy Keatts, coautora do estudo e membro do programa de saúde da Wildlife Conservation Society (WCS), as descobertas ressaltam a importância do aumento do investimento em toda a região na capacidade de ligação para monitoramento sustentável de patógenos na vida selvagem, por meio de iniciativas como a WildHealthNet.