Vício? Espinha? Qual o melhor chocolate? Confira mitos e verdades sobre o doce para um Páscoa sem neuras

O chocolate tem substâncias antioxidantes em sua composição, além de estimular a liberação de serotonina, neurotransmissor ligado ao prazer e ao bem-estar. Porém, no outro extremo, seu excesso pode estar relacionado a aumento de gordura no sangue, elevação da glicemia e, consequentemente, diabetes e obesidade.

Um ovo de Páscoa médio costuma ter entre 200 e 300 gramas de chocolate — ou seja, supera bastante os 25g a 30g recomendados por dia. Se for classificado como chocolate ao leite, significa que tem massa de cacau e mais gordura. Nesse caso, pode alcançar 550 calorias a cada 100g, sem considerar recheios e aditivos. Isso equivale a algo entre 15% e 30% da energia de que um adulto precisa ao longo do dia.

Cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, explicaram o que acontece com o chocolate na boca para justificar seu apelo quase irresistível. Segundo os pesquisadores, há um processo físico que ocorre no momento da ingestão: ele deixa de ser sólido e se transforma em uma emulsão suave, uma textura muito agradável para os sentidos. De acordo com o estudo, publicado na revista “ACS Applied Materials & Interfaces”, a sensação surge pela forma como o chocolate é lubrificado, seja por seus ingredientes, pela saliva ou por uma combinação dos dois.

A pedido da nossa reportagem, o endocrinologista pediátrico Miguel Liberato, do Hospital São Camilo, de São Paulo, listou 11 mitos e verdades sobre o chocolate, incluindo se o alimento causa dores de cabeça, acnes, se ele vicia e até mesmo se ele pode auxiliar a diminuir os sintomas da depressão. Será? Confira a seguir!

Mito. O chocolate branco não vem da massa de cacau. Os benefícios encontrados, particularmente no chocolate amargo, ou seja, acima dos 70%, estão associados à semente do cacau. A partir dela, temos a massa do cacau, que nada mais é do que o chocolate 100%. Todas as fibras, os antioxidantes e as substâncias que fazem bem ao nosso corpo são tiradas dessa massa. O chocolate branco é feito a partir da manteiga do cacau, que é rica em gordura e açúcar, sem benefícios expressivos.

Verdade. Quanto mais amargo, maior a porcentagem da massa de chocolate, ou seja, maior é a quantidade de cacau e benefícios, e menor é a quantidade de gordura. Um chocolate 70% tem 70% de massa de cacau e 30% de gordura. Um chocolate ao leite tem menos porcentagem de massa de cacau, mas tem mais gordura e leite. Por isso, gera um produto final mais doce. Quanto mais amargo o chocolate for, maior será o efeito antioxidante. Uma pesquisa publicada no periódico científico “European Journal of Preventive Cardiology” concluiu que comer chocolate amargo ou meio amargo ao menos uma vez por semana reduz o risco de desenvolver doenças cardíacas. Além disso, tem menos açúcares e gorduras saturadas, fatores de risco para obesidade e doenças cardiovasculares.

Mito. Todos os alimentos diet são voltados para o público com diabetes. Eles são alimentos sem açúcar, porém, para se tornarem mais palatáveis, acabam sendo mais ricos em gordura, o que os deixa com muitas calorias. Assim como todos os demais tipos de chocolate, quando são consumidos em grandes quantidades, eles contribuem para o aumento de peso. Cerca de 25 gramas por dia é o recomendado e o suficiente para fornecer aproximadamente cem calorias.

Mito. Mas a junção dos dois é perigosa. A gordura do chocolate potencializa o açúcar. O consumo dele em quantidades adequadas é seguro. A nutricionista Priscilla Primi, colunista do jornal O Globo, contou em entrevista que prefere indicar que o consumo aconteça logo após a refeição, já que, dessa forma, “não temos pico de glicose no sangue”.

Mito. Ele sozinho não causa diabetes, porém o consumo excessivo do açúcar na dieta como um todo, a longo prazo, pode ser um risco para desenvolver a doença crônica. O chocolate é rico em açúcar e favorece a obesidade. Uma das grandes armadilhas desse alimento é nossa dificuldade de pôr em prática a moderação.

Parcialmente verdade. Para essas pessoas, o ideal é consumir o chocolate diet. Porque, apesar de ter um índice grande de gordura, essa versão tem baixa quantidade de açúcar, que é o que realmente importa para esse grupo.

Verdade. Porém, apenas nas versões acima dos 70% de cacau e em pequenas quantidades. Esse tipo de chocolate tem um efeito protetor a longo prazo, porque a massa do cacau ajuda no controle de colesterol, com o benefício adicional dos efeitos antioxidantes. No entanto, quando se reduz o cacau e aumenta a quantidade de gordura, ele acaba não tendo o mesmo efeito. Pelo contrário: no geral, as marcas comerciais, que têm muita adição de gordura e açúcar, favorecem a elevação do colesterol.

Parcialmente mito. Alguns alimentos que têm alto índice glicêmico podem favorecer o surgimento de acne, pois os picos de insulina estimulam a produção de secreção pelas glândulas sebáceas. O chocolate é um desses itens, porém não há estudos científicos suficientes que demonstrem essa associação.

Mito. O consumo do chocolate provoca a estimulação de serotonina, substância ligada a prazer e bem-estar, porém o excesso do consumo está ligado a algo cultural e social. Ele traz prazer, mas não suficiente para gerar uma dependência.

Verdade em alguns casos. Por conta das substâncias estimulantes e excitatórias na composição, pessoas com predisposição para enxaqueca podem ter o quadro iniciado ou agravado.

Verdade. Além da liberação de serotonina, substância ligada a prazer e bem-estar, os chocolates amargos, ou seja, acima dos 70%, têm em sua composição o magnésio, nutriente capaz de diminuir os sintomas.