Anchor Deezer Spotify

Veneno de caracol que vive nas profundezas tem efeito semelhante a morfina

Veneno de caracol que vive nas profundezas tem efeito semelhante a morfina

Pesquisadores descobriram diversas substâncias com potencial para a indústria farmacêutica em animal que desorienta suas presas

biodiversidade do nosso planeta não para de surpreender a Ciência. Em uma descoberta fascinante, e que pode gerar reviravoltas no mundo da medicina, pesquisadores publicaram um estudo na revista Science Advances que explica como o veneno dos caracóis Asprella pode ser extremamente útil para os seres humanos.

Estes animais residem nas profundezas do oceano, em locais de difícil acesso, e por isso não haviam sido completamente estudados. Com a nova pesquisa, os cientistas descobriram que o veneno usado na estratégia de caça desse caracol, que atordoa e desorienta alguns peixes, tem o poder de reduzir a dor assim como a morfina.

De acordo com o estudo, esse veneno é “embalado” com uma grande variedade de produtos químicos. Um desses componentes é a Consomatin Ro1, que possui uma estrutura muito semelhante ao hormônio peptídico somatostatina, produzido por muitos tecidos humanos e peça-chave na diminuição dos níveis de outros hormônios no corpo. A pesquisa revelou que a Consomatin Ro1 pode atuar seletivamente em dois dos cinco receptores de somatostatina humanos que desencadeiam o controle hormonal e a inibição da dor.

Helena Safavi-Hemami, pesquisadora que trabalhou no estudo, diz que o Consomatin Ro1 está estruturado “como se tivesse sido projetado por fabricantes de medicamentos”, informa o Optimist Daily.

A abundância de produtos químicos presentes no veneno do caracol e seus efeitos positivos no corpo humano significam que ele pode ser adaptado e usado como medicamento, dizem os pesquisadores. Com isso, o veneno pode ser capaz de tratar doenças como dores crônicas, diabetes, condições inflamatórias, distúrbios de humor, problemas de digestão e outras. “O veneno do caracol é como uma biblioteca natural de compostos. É apenas uma questão de encontrar o que está nessa biblioteca”, afirmou Iris Bea Ramiro, da Universidade de Copenhague.

Agora a equipe científica vai testar sua nova descoberta em comparação com produtos farmacêuticos já existentes no mercado e fazer mais experimentos para testar os compostos do veneno que possuem propriedades potencialmente anti-inflamatórias e analgésicas. E estão bastante otimistas, já que, até agora, estudos em camundongos mostraram que a Consomatin Ro1 tem a mesma eficiência no bloqueio da dor que a morfina.