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Vape de vitaminas? Cientistas alertam sobre riscos de inalar os nutrientes

Vape de vitaminas? Cientistas alertam sobre riscos de inalar os nutrientes

Uma modinha que se tornou popular no ano passado principalmente entre os jovens, o vape, cigarro eletrônico que se vende como inofensivo, mas tem sido proibido em vários países, está voltando às redes sociais. Desta vez sob a forma de um produto de bem-estar, para vaporizar vitaminas, hormônios e óleos essenciais, mas com a tecnologia de sempre.

O dispositivo, cuja venda foi proibida no Brasil pela Anvisa, funciona através da energia de um sistema de bateria recarregável (ou de uso único) para aquecer o e-liquid (a essência ou “juice”), que agora vem como vitaminas, hormônios ou óleos. Aquecido, esse líquido se transforma em vapor que é inalado e absorvido pelos pulmões.

E é nessa forma de absorção que grande parte dos profissionais de saúde se apoia para lançar um alerta. Sem entrar no mérito da qualidade dos aditivos químicos heterogêneos e sintéticos que têm sido adicionados ao pod system do aparelho, os nossos pulmões são projetados para processar o oxigênio, mas não produtos químicos complexos, afirmam em comunicado os especialistas da FDA, agência reguladora dos Estados Unidos.

O que prometem os vapes “do bem”?

Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte:  Shutterstock 

Comercializados em cartuchos finos dentro de embalagens sofisticadas e com marcas atraentes, os agora chamados vaporizadores de bem-estar têm sido vendidos no mundo inteiro pela internet. Seu branding prega que os vapes são uma alternativa melhor às incômodas injeções e pílulas, além de combater, por si, o TDAH e tratar ansiedade ou depressão.

Tendo como foco os produtos da indústria nutracêutica (baseada em produtos naturais), além do aumento de produtos medicinais à base de canabidiol, a tecnologia do vaping propõe garantir aos seus consumidores fornecer suas necessidades nutricionais básicas através de coquetéis de vitaminas.

Assim, embaladas pela perspectiva de lucros, as empresas têm diferentes discursos: enquanto uma apregoa que algumas baforadas do seu vape entregam aos pulmões dez vezes a dose diária recomendada de vitamina B12, outras marcas vaporizam coquetéis de nutrientes essenciais (vitaminas A, C ou D), aminoácidos e colágeno.

O que dizem os cientistas?

Fonte: Shutterstock/ReproduçãoFonte: Shutterstock/ReproduçãoFonte:  Shutterstock 

A grande preocupação dos cientistas é que as pesquisas citadas pela indústria do vaping para apoiar suas alegações ou são apresentadas fora do contexto (com destaque apenas para o nutriente e não nos riscos da inalação) ou com base em literatura formulada nas décadas de 1950 e 1960, quando os efeitos maléficos de fumar começavam a ser estudados cientificamente.

“Para mim, [usar vitaminas e nutrientes] é uma jogada de marketing para vender este produto e torná-lo mais saudável. Os consumidores associam as vitaminas à saúde”, afirmou à Scientific American, a epidemiologista nutricional Regan Bailey, da Universidade de Purdue, nos EUA.

Embora inalar vitaminas seja “teoricamente possível”, reconhece Guenther Hochhaus, um farmacologista da Universidade da Flórida, à publicação americana. A questão é por que adultos saudáveis, que podem obter suas vitaminas e aminoácidos com alimentação, iriam querer começar a fumá-los?