Tratamento experimental contra depressão ajudou 78% dos voluntários, diz estudo
Na busca por novas terapias contra a depressão, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova terapia, ainda em fase de validação, que pode tratar este distúrbio. Ao estimular os cérebros dos pacientes com ímãs, os cientistas obtiveram uma taxa de eficácia preliminar é de 78,6%.
Publicado na revista científica American Journal of Psychiatry, o estudo norte-americano observou que os pacientes tiveram remissão da depressão após o procedimento inovador, conhecido como terapia de neuromodulação inteligente acelerada de Stanford (SAINT) ou simplesmente terapia de neuromodulação de Stanford.
Novo tratamento de Stanford contra a depressão tem resultados promissores (Imagem: Reprodução/Altanaka/Envato)
Para a potencial terapia, os pesquisadores desenvolveram uma forma modificada da já conhecida estimulação magnética transcraniana (EMTr). De forma geral, o procedimento fornece altas doses de pulsos magnéticos ao cérebro do paciente por meio de um dispositivo que contém bobinas magnéticas e é instalado provisoriamente fora do crânio. O tratamento leva apenas cinco dias, sendo personalizado para cada paciente.
Segundo os autores, a remissão do quadro ocorreu alguns dias após o procedimento, e os benefícios se prolongaram por meses. Os efeitos adversos relatados foram: fadiga temporária; e dores de cabeça. “Funciona bem, funciona rapidamente e não é invasivo”, explica Nolan William, professor assistente de psiquiatria em Stanford e autor sênior do estudo. “Pode ser a virada de jogo”, aposta o cientista.
Na prática: potencial terapia contra a depressão
Durante o estudo clínico da nova técnica, 29 pessoas diagnosticadas com depressão e resistentes ao tratamento tradicional foram recrutadas. Deste total, 14 pessoas receberam o tratamento experimental SAINT e o restante do grupo foi submetido a um procedimento placebo que simulou o tratamento real.
Após cinco dias de tratamento, 78,6% dos participantes do grupo tratado não estavam mais deprimidos, de acordo com diferentes métodos padrão de avaliação aplicados pelos cientistas. “É um efeito bastante dramático e bastante sustentado”, afirma Alan Schatzberg, professor de psiquiatria e coautor do estudo.
Entre os voluntários, estava Tommy Van Brocklin, um paciente de 60 anos que convive com a depressão desde a infância. Em setembro de 2021, o voluntário iniciou o tratamento experimental SAINT, através da pesquisa. “No terceiro dia, começou a fazer efeito. E ficou melhor e melhor nos próximos dias”, conta Brocklin. “Estou em casa desde meados de setembro e todos os benefícios permanecem comigo, e me sinto muito melhor”, completa.
Próximas etapas da pesquisa
Por mais que os resultados sejam encorajadores, e os relatos dos pacientes sejam bastante otimistas, os cientistas ressaltam que “mais estudos são necessários para determinar a durabilidade do SAINT e compará-lo com outros tratamentos”, o que pode levar, no futuro, este tratamento a milhares de pessoas.
Como os participantes do estudo normalmente se sentiam melhor dias após o início das sessões, os autores esperam que a técnica possa ser usada em pacientes que estão em um ponto crítico da depressão. “Queremos levar isso para os departamentos de emergência e enfermarias psiquiátricas, onde podemos tratar as pessoas que estão em uma emergência psiquiátrica”, aposta Williams. “O período logo após a hospitalização é quando há maior risco de suicídio”, completa.
O estudo completo sobre a potencial terapia para o tratamento da depressão, publicado na revista científica American Journal of Psychiatry, pode ser acessado aqui.