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Startup faz combustível de avião usando CO2 e já tem encomenda de aéreas

Startup faz combustível de avião usando CO2 e já tem encomenda de aéreas

Vantagem do produto é não necessitar de modificações nas aeronaves atuais para ser utilizado, tornando-se uma opção rápida para cortar emissões no setor

Na corrida pela aviação verde, a ciência vem apostando em modificações de motor, movidos a diferentes combustíveis, e também aeronaves redesenhadas, como os modelos elétricos dedicados a pequenos trechos. Uma startup de Nova York já tem contrato com companhias aéreas para fornecer uma solução mais direta: um combustível modificado que pode derrubar as emissões do setor, hoje responsável por entre 2% e 3% dos gases estufa injetados na atmosfera.

O negócio da Air Company é fazer o dióxido de carbono trabalhar a favor da luta contra o aquecimento global. O CO2, que acumulado na atmosfera ajuda a intensificar as mudanças climáticas, pode ser também um rico combustível, capaz de dar propulsão às aeronaves sem necessidade de modificações no motor, e ter como subproduto apenas oxigênio a ser expelido nos escapamentos.

A inovação “tem o potencial de alcançar a viabilidade comercial em escala – um divisor de águas para nossa indústria, e reduzir significativa e rapidamente nossas emissões”, diz Sara Bodgan, diretora de sustentabilidade da JetBlue, que se comprometeu a comprar 94 milhões de litros do novo combustível nos próximos cinco anos, segundo a revista Fast Company.

A JetBlue faz cerca de mil voos diários e tem como base principal o aeroporto JFK, em Nova York. A companhia de viagens de baixo custo foi fundada por David Neeleman, brasileiro radicado nos Estados Unidos, que fundou no Brasil a companhia Azul.

Após testes bem-sucedidos, que serviram para receber as primeiras encomendas do setor aéreo, a Air Company está construindo as instalações para iniciar a produção em massa do combustível e pretende comercializá-lo a partir de 2024. Executivos apontam que as novas políticas de apoio, incluindo subsídios possibilitados pela recém-aprovada Lei de Redução da Inflação, ajudaram a acelerar o cronograma.

A empresa usa CO2 armazenado na produção das fábricas de etanol. Como esse etanol é feito de plantas que capturaram CO2 à medida que cresciam, a fabricação do combustível é considerada neutra em carbono. Nada impede também a empresa de usar o dióxido de carbono presente no ar, mas num primeiro momento a Air Company mira estes suprimentos “puros”, vindos de outras atividades industriais.

Os fabricantes apostam no potencial disruptivo do novo combustível. “A escala potencial é global, é enorme. E o objetivo final obviamente levará muito tempo, porque a indústria de combustíveis fósseis teve cerca de 170 anos de construção de infraestrutura… Não vai ser mudado da noite para o dia. Mas podemos tomar as medidas para tornar isso uma realidade agora”, afirma Stafford Sheehan, cofundador e CTO da startup.