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Solução para o campo: café pode servir como barreira natural para químicos em lavouras. aponta estudo

Solução para o campo: café pode servir como barreira natural para químicos em lavouras. aponta estudo

Usualmente descartada, borra pode ainda ter aplicações no campo que ajudariam a garantir a qualidade dos lençóis freáticos de regiões de plantio, projetam pesquisadores

Em estimativas de 2023, a produção mundial de café produz cerca de 10,5 milhões de toneladas do grão, que na imensa maioria das vezes, é usado para beber e descartado. Uma pesquisa feita no Paraná defende que ainda há importantes usos para esse grão após as refeições das famílias, com potencial benéfico para uma das grandes questões postas para este século: manter os estoques de água potável no planeta.

Cientistas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná publicaram um estudo em que apontam que as sobras de café podem absorver a bentazona, herbicida usado na agricultura contra ervas daninhas em culturas com arroz e milho. Em humanos, pode causar irritações graves nos olhos e na pele, além de afetar rins e fígado, segundo testes com animais relatados em bulas dos produtos.

A descoberta é valiosa, pois pode ajudar a manter a qualidade dos lençóis freáticos em regiões onde o agrotóxico é aplicado, usando um produto que de outra forma seria destinado ao lixo comum, destaca reportagem do portal Euronews Green.

“Atualmente, a contaminação das águas subterrâneas e superficiais é um dos problemas ambientais mais prementes – o maior desafio deste século é prevenir a poluição da água”, afirmam os pesquisadores do estudo..

A chave está no cloreto de zinco, que faz o teor de carbono dos grãos de café se tornarem 70% mais eficientes na remoção da bentazona. O desafio será replicar os testes em escala industrial, o que permitiria desviar os resíduos de café dos aterros sanitários e evitar danos à vida selvagem e à natureza causados pelos herbicidas.

Para os autores do estudo, os resultados, ainda que preliminares, “sugerem uma solução de economia circular para borras de café atualmente descartadas sem qualquer sistema de reciclagem ou reutilização”.

A própria cultura do café também é ameaçada pelas mudanças climáticas. A temperatura em elevação já afeta a produtividade de grandes produtores, como o Brasil, e impacta o preço do produto. Estudo da Universidade Federal de Itajubá prevê que entre 35% e 75% das terras brasileiras dedicadas a esse cultivo podem estar esgotadas ou inviabilizadas até o fim do século.