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Solo do Mediterrâneo tem sido o mais degradado de toda a Europa, aponta estudo

Solo do Mediterrâneo tem sido o mais degradado de toda a Europa, aponta estudo

O solo do Mediterrâneo está passando por um processo de degradação mais rápido do que qualquer outra parte da Europa. Segundo estudo liderado pela Stockholm University, as práticas humanas insustentáveis, somadas à mudanças climáticas, levam a região a um ponto crítico.

Como parte dos esforços da Comissão Europeia em avaliar a saúde do solo, o estudo descobriu que até 70% dos solos da União Europeia (UE) estavam perdendo a capacidade de cumprir as funções que mantêm um ecossistema em equilíbrio.

O gráfico aponta as atividades que mais degradam o solo da região do Mediterrâneo (Imagem: Reprodução/Carla S. S. Ferreira et al.)

Em especial, os solos rasos do Mediterrâneo são os mais suscetíveis aos processos de invasão do mar, erosão, seca e incêndios florestas. É a região com as taxas mais altas de erosão e com os níveis mais baixo de matéria orgânica retida no solo.

As densas populações na região asfaltaram inúmeras ruas e contaminaram o solo com metais pesados e agrotóxicos. Quando saudável, o solo armazena e drena a água, mas essa capacidade do solo do Mediterrâneo está ameaçada.

Solo do Mediterrâneo à beira do colapso

Há muito tempo, o Mediterrâneo é conhecido pela produção de alimentos como tomates, uvas e azeitonas, mas, com a degradação do solo, essa importante fonte de economia da UE se mostra cada vez mais difícil de ser mantida.

No estudo, apenas os países em verde no mapa, acima do Mar Mediterrâneo, foram considerados (Imagem: Reprodução/Carla S. S. Ferreira et al.)

O estudo ressaltou que poucas pesquisas têm sido feitas para avaliar os potenciais fatores que contribuem para o declínio no solo da região — a maioria só focou na degradação do solo e apenas alguns consideraram a degradação biológica.

As formigas e minhocas são responsáveis por regular os nutrientes abaixo do solo, contribuindo par ao equilíbrio do ecossistema. Mas até que ponto as atividades humanas afetaram esses organismos e, consequentemente, o meio no qual estão inseridos? São essas respostas que a equipe ainda busca.

Porcentagem de impermeabilização do solo no Mediterrâneo registrada em 2015 (Imagem: Reprodução/Carla S. S. Ferreira et al.)

Desde a década de 1950, as secas vêm aumentando no Mediterrâneo, levando agricultores a abandonarem suas terras — as quais podem ser tornar regiões desérticas ou ainda mais suscetíveis a incêndios florestais.

Este é o primeiro estudo a resumir a situação do solo no Mediterrâneo e a apontar a inexistência de uma legislação da UE que proteja os solos rurais da urbanização. Os autores ressaltaram que as autoridades precisam considerar tais ameaças ao solo da região se quiserem mantê-lo minimamente saudável.

O estudo foi apresentado na revista Science of the Total Environment.