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Sistema de inteligência artificial evita morte de pássaros em parques eólicos

Sistema de inteligência artificial evita morte de pássaros em parques eólicos

Usando câmeras e inteligência artificial, tecnologia reduz em cerca de 80% o choque de aves

A energia eólica vem ganhando espaço na busca pela produção de eletricidade de maneira mais sustentável, reduzindo as emissões de carbono que causam as mudanças climáticas. As turbinas, no entanto, podem ser uma ameaça para pássaros e morcegos e é preciso encontrar uma solução para este impacto negativo.

Com o uso de câmeras e inteligência artificial, a Bolder Imagining, uma empresa do Colorado, nos Estados Unidos, conseguiu desenvolver um sistema que pode reconhecer águias, falcões e outras aves e morcegos quando eles se aproximam e interromper as turbinas em seu caminho de voo.

A tecnologia, chamada IdentiFlight, pode detectar 5,62 vezes mais voos de pássaros do observadores humanos, e tem uma taxa de precisão de 94% por cento.

Usando sensores ópticos de alta precisão, o sistema calcula a velocidade e a trajetória de voo de um pássaro e, se ele estiver em uma rota de colisão com uma turbina, um sinal é enviado para desligar o equipamento.

O sistema já foi instalado em parques eólicos da Tasmânia, Estados Unidos, Alemanha e Suécia e soma mais de 2 milhões de aves detectadas.

A Duke Energy, empresa do setor de energia, usa a tecnologia com resultados impressionantes no parque eólico Top of the World, no estado americano de Wyoming. A instalação ocorreu em 2014 quando a empresa violou a Lei do Tratado de Aves Migratórias devido a mortes de águias no local.

Um estudo independente conduzido em 2020 pelo The Peregrine Fund, Western EcoSystems Technology e o US Geological Survey, mostrou uma redução de 82% nas mortes de águias no local.

A rede IdentiFlight monitora a movimentação local de águias e, quando uma câmera detecta um objeto se aproximando, o sistema determina se é uma águia em segundos.

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Parque Top of the World. Foto: Flickr | Duke Energy

No Top of the World, 47 unidades compostas por oito câmeras grande-angulares varrem constantemente o céu para monitorar todas as 110 turbinas. A unidade da câmera é montada no topo de um poste de 30 pés e alimentada por um software que aprende e melhora a cada foto tirada, enquanto os ornitólogos examinam pássaros previamente identificados.

A Duke Energy informou que vai instalar o IdentiFlight na Frontier Windpower II, em Oklahoma, e no site de Campbell Hill, também em Wyoming.

No parque eólico de Cattle Hill, na Tasmânia, a morte de pássaros caiu cerca de 80%. A cada dia, os sistema interrompe o funcionamento das 48 turbinas do local em média 400 vezes e as pás permanecem paradas entre 2 e 3 minutos.

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Foto: Duke Energy

Mudanças climáticas são a maior ameaça

“O IdentiFlight tornará possível combater os piores efeitos das mudanças climáticas e proteger os pássaros que amamos no processo”, explica o amante de pássaros e diretor da Iniciativa de Energia Limpa da National Audubon Society, Garry George.

Garry afirma no entanto que a ciência mostra que a “mudança climática é de longe a maior ameaça aos pássaros e aos locais de que a vida selvagem precisa para sobreviver”.

De fato, um estudo de 2009 usando dados dos EUA e da Europa comparou o número de pássaros mortos com a geração de energia eólica com as mortes por combustível fóssil e nuclear , estimando que para cada pássaro morto por uma turbina, usinas movidas a combustível fóssil e nuclear mataram 2.118 aves.