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Publicação destaca potencial das algas marinhas na biotecnologia e no desenvolvimento sustentável

Publicação destaca potencial das algas marinhas na biotecnologia e no desenvolvimento sustentável

Publicação com participação de pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP reforça papel de macroalgas na mitigação das mudanças climáticas e na bioeconomia

As algas marinhas, presentes nos oceanos há milhões de anos, despontam agora como protagonistas na busca por soluções sustentáveis para os desafios ambientais e socioeconômicos do século 21. É o que mostra o e-book Algas Marinhas do Brasil e Antártica: Bioprospecção e Conservação na Década da Ciência Oceânica, organizado por Gustavo Souza dos Santos, egresso da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, Keila Almeida Santana e professor Aníbal de Freitas Santos Júnior, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). A publicação está disponível gratuitamente, bastando fazer um cadastro neste link.

Dividida em dez capítulos, a obra reúne resultados de estudos sobre a biodiversidade, o cultivo e o potencial biotecnológico das macroalgas, com exemplos que vão do litoral da Bahia às águas geladas da Antártica. Os capítulos abordam desde a Era das Algas Marinhas: Do Monitoramento Climático ao Potencial Biotecnológico, passando por análises regionais como Biodiversidade das Macroalgas Marinhas Bentônicas do Litoral da Bahia: Uma Breve Análise e reflexões sobre o uso de Algas Arribadas: Problema ou Oportunidade?, até temas aplicados como o Cultivo de Macroalgas Marinhas Para a Produção Sustentável de Biomassa e de Bioativos e o Cultivo da Macroalga Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta) no Brasil: Bioprospecção e Sustentabilidade na Década da Ciência Oceânica.

Gustavo Souza dos Santos, um dos organizadores do livro – Foto: Lattes

A diversidade de enfoques inclui ainda a exploração da Amazônia Azul em Desvendando a Amazônia Azul: A Biodiversidade Oculta e o Potencial Biotecnológico das Cianobactérias Bentônicas, e estudos em ambientes extremos como a Antártica, com capítulos sobre Estratégias de Sobrevivência das Macroalgas Marinhas no Ambiente Extremo da Antártica, o Potencial Fotoprotetor de Macroalgas Vermelhas da AntárticaAlgas da Antártica Como Fonte de Metabólitos Para o Enfrentamento de Doenças Negligenciadas e Resistência Microbiana e Fungos Algícolas do Brasil e da Antártica: Biofábricas de Metabólitos em Ambientes Extremos e Tropicais.

Os três últimos capítulos do e-book têm como autores as docentes Lorena Rigo Gaspar, Hosana Maria Debonsi e Marcia Regina von Zeska Kress, além de outras quatro pesquisadoras da FCFRP.

O material também aponta como esses organismos podem contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente nas áreas de conservação marinha, segurança alimentar, geração de energia limpa e fortalecimento de economias locais.

Entre os temas abordados estão o uso das algas como bioindicadoras das mudanças climáticas, seu papel no sequestro de carbono e a aplicação de compostos extraídos desses organismos nas indústrias alimentícia, farmacêutica, cosmética e agrícola. Casos práticos, como projetos comunitários no Ceará que transformam algas em cosméticos e alimentos, ilustram o potencial econômico e social da atividade.

Páginas do livro que tem download gratuito – Foto: Reprodução/Livro Algas Marinhas do Brasil e Antártica

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A publicação também traz avanços no cultivo de espécies como Kappaphycus alvarezii e Gracilaria, destacando sistemas de produção em biorreatores e no mar que permitem gerar biomassa para biocombustíveis, bioativos e produtos de alto valor agregado.

Pesquisas desenvolvidas com macroalgas da Antártica revelam ainda propriedades fotoprotetoras e compostos promissores para o combate a doenças negligenciadas e à resistência microbiana.

Década da Ciência Oceânica

Keila Almeida Santana e Aníbal de Freitas Santos Júnior, pesquisadores da Uneb e organizadores do livro – Foto: Instagram e Lattes

De acordo com os autores, ampliar o conhecimento sobre as algas e incentivar seu aproveitamento sustentável são essenciais para conservar ecossistemas costeiros e oceânicos e para promover novas cadeias produtivas alinhadas à bioeconomia. “Vivemos a era das algas”, afirma Gustavo Souza dos Santos no prefácio. “Se no século 20 descobrimos os antibióticos e as vacinas, este século pode ser lembrado como o momento em que voltamos nosso olhar para os oceanos.”

O e-book busca inspirar novas pesquisas e parcerias entre comunidade científica, setor produtivo e sociedade civil, reforçando a importância das algas como aliadas na construção de um futuro mais sustentável.

A obra foi produzida por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, do Instituto Federal do Piauí (IFPI), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Rutgers University, da University of California San Diego, do Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A obra teve o apoio do Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (PROEXT-PG) da Capes.

*Estagiária sob supervisão de Rose Talamone